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Internacional
Domingo - 03 de Dezembro de 2006 às 18:57

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Os principais jornais americanos se mostraram convencidos de que os cubanos se despediram do presidente Fidel Castro, ausente do desfile militar em sua homenagem, na véspera, minimizando a oferta de diálogo feita pelo irmão do líder da Revolução Cubana, Raúl, a Washington.

"No desfile de sábado, Raúl foi o único Castro que falou", destacou o jornal "New York Times", após informar que os cubanos compareceram ao ato com o desejo de ouvir "o último discurso" de seu presidente, que cedeu temporariamente o poder a seu irmão em 31 de julho passado por motivos de saúde.

A ausência do presidente, que não aparece em público desde 26 de julho, "deixou convencidos muitos cubanos de que seu líder durante quase 50 anos (já) havia feito seu discurso final", acrescentou o jornal, que intitulou a crônica "Um estranho silêncio ressoa em um longo adeus a Castro".

Na mesma linha, o influente "Washington Post" assegurou que a ausência do presidente "alimentou as especulações em Cuba", citando funcionários estrangeiros que "concluíram que a Fidel não lhe resta muita vida, que está morrendo de câncer ou de outra doença terminal".

"O homem que todos foram ver não apareceu. Fidel ficou escondido, com sua doença envolta em mistério, seu paradeiro ciosamente escondido como segredo de Estado", acrescentou o enviado especial do jornal para a cobertura do ato de encerramento das homenagens ao presidente.

O "Miami Herald" destacou na primeira página que "Fidel Castro não apareceu na principal cerimônia para marcar seu 80º aniversário, mas seu irmão, Raúl, demonstrou que é o novo homem no comando", antes de qualificar as palavras deste como "uma espécie de discurso inaugural".

Este jornal foi o único dos três a dar um espaço significativo à oferta do presidente interino aos Estados Unidos de "resolver na mesa de negociações a prolongada diferença entre Estados Unidos e Cuba".

O 'Herald" qualificou a proposta de "ramo de oliveira com espinhos", lembrando que esta foi a segunda vez que Raúl fez publicamente esta oferta a Washington desde que assumiu provisoriamente o poder, em 31 de julho, e descartou que o governo americano dê ouvidos à iniciativa.

O "Washington Post" nem sequer mencionou a oferta cubana, enquanto o "New York Times" só mencionou de passagem que Raúl "sugeriu que negociaria com Washington", embora também tenha destacado as críticas contra os Estados Unidos feitas pelo irmão de Fidel no mesmo ato.

Em 23 de agosto, o chefe da diplomacia americana para a América Latina, Tom Shannon, ofereceu a Cuba "suspender o embargo se houver um processo de transição na ilha", depois que Raúl se declarou disposto a dialogar "em um plano de igualdade", em entrevista publicada pelo jornal cubano "Granma".

Neste sábado, uma porta-voz do Departamento de Estado, Janelle Hironimus, disse que uma abertura democrática do regime cubano é um pré-requisito indispensável em qualquer "aprofundamento" de relações com Havana.

Os Estados Unidos mantêm um embargo econômico contra Cuba desde 1962 e desde que Fidel deixou o poder, reiteraram várias vezes que apoiariam os cubanos caso optassem por iniciar uma transição democrática, ao mesmo tempo em que rejeitaram uma transferência de poderes no âmbito da "dinastia Castro" entre Fidel e Raúl.





Fonte: AFP

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