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Internacional
Terça - 28 de Novembro de 2006 às 23:38

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Em um dia cheio de discursos carregados, o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, reafirmou que as tropas americanas permanecerão no Iraque até que a missão no país esteja finalizada.

A declaração de Bush foi feita pouco depois que o líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, disse que o primeiro passo para solucionar a violência no Iraque é a retirada total das tropas estrangeiras do país.

Segundo Bush, o trabalho no Iraque só estará completo quando o país possuir uma democracia estável. "Algumas pessoas duvidam que a população da região esteja pronta para a liberdade, ou a deseje, ou mesmo tenha a coragem de suplantar as forças do extremismo totalitário", afirmou o presidente em Riga (capital da Letônia), onde se realiza uma reunião da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte, aliança militar liderada pelos EUA).

"Entendo as dúvidas, mas não as compartilho", completou Bush.

O presidente disse que pretende pressionar o premiê iraquiano, Nouri al Maliki, para encontrar estratégias de contenção da violência sectária, atualmente em seu pior nível desde o início da guerra em março de 2003. Bush e Maliki deverão se encontrar na Jordânia ainda nesta semana.

"Só tem uma coisa que eu não vou fazer. Eu não vou retirar as tropas do campo de batalha até que a missão esteja finalizada", repetiu.

Discurso carregado

Em um discurso hoje na Estônia, Bush exigiu do Irã o abandono de seu programa nuclear antes de negociar a participação do país no esforço de estabilização do Iraque. Os EUA enfrentam uma forte pressão para incluir o Irã e a Síria na força que atua no Iraque.

Antecipando-se à discussão, o presidente iraquiano, Jalal Talabani, viajou ontem para Teerã para discutir uma eventual participação do país vizinho na guerra.

Na Estônia, onde parou antes de chegar à Letônia para participar do encontro da Otan, Bush disse que já deixou "evidente o que é necessário para que o Irã possa negociar" com os americanos --o abandono do enriquecimento de urânio. O presidente insistiu ainda que a idéia de um Irã nuclear é "inaceitável".

"Se o Irã quer se envolver no Iraque, terá que se envolver de uma maneira construtiva", continuou Bush.

Apesar das exigências, o presidente americano afirmou que a democracia iraquiana é soberana e saberá negociar sua política internacional por conta própria, "como já vem fazendo".

Irã

A visita de Talabani a Teerã não é gratuita --no último domingo (26), o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, disse que está disposto a ajudar os EUA a "colocar fim à situação atual" do Iraque, caso o governo de Bush pare de "agredir e insultar" seu país.

Hoje, pouco depois do discurso de Bush na Estônia o aiatolá Ali Khamenei disse que a solução para a violência no país árabe é a retirada total das tropas estrangeiras.

O líder iraniano culpou os EUA pelo estado de caos no Iraque. "O primeiro passo para resolver a instabilidade no Iraque é a retirada de seus ocupantes do país e a transferência da responsabilidade sobre a segurança para o governo popular local", disse Khamenei.

O Irã, de maioria xiita, é conhecido por ter grande influência sobre a população xiita do Iraque, que também é maioria. Talabani foi convidado ao Irã pelo presidente do país, Mahmoud Ahmadinejad, que quer aumentar o papel iraniano no Iraque para se contrapor à influência americana na região do Golfo. Pressão

Os Estados Unidos se recusaram, em diversas ocasiões, a negociar com o Irã e a Síria para que os países ajudem a trazer estabilidade para o Iraque, acusando Teerã e Damasco de ajudarem grupos insurgentes que atuam no país.

Mas a administração de Bush vem sendo pressionada para mudar sua estratégia e abrir um canal de diálogo com os dois países.

O Iraque retomou as relações diplomáticas com o Irã em 1990, após o fim da guerra que durou dez anos e matou cerca de 1 milhão de pessoas. As relações entre os dois países melhoraram após a queda do regime do ex-ditador Saddam Hussein, que é sunita.

Ontem, um relatório elaborado pela comissão bipartidária conhecida como Grupo de Estudos para o Iraque --que analisa alternativas para o conflito no país-- sugere que os EUA tenham conversas diretas com o Irã e a Síria, segundo o jornal "The New York Times".

De acordo com o "Times" --que cita fontes oficiais que falaram em condição de anonimato--, a proposta pode ser aprovada pela comissão. No entanto, o grupo deve se dividir a respeito de um cronograma de retirada das tropas americanas do país, segundo o jornal.

O documento --cuja preparação foi anunciada antes mesmo da vitória democrata nas eleições legislativas de 7 de novembro-- deve ser entregue ao presidente George W. Bush em dezembro.

Guerra civil

Enquanto a escalada da violência sectária no Iraque é inegável, Bush se recusou a admitir hoje que o país esteja em guerra civil.

No discurso, Bush acusou a rede terrorista Al Qaeda pela violência. Segundo ele, a violência sectária é parte de uma estratégia da rede para estimular facções iraquianas a se atacarem continuamente, enfraquecendo o país.

"Na minha opinião, a violência sectária é fomentada porque os ataques da Al Qaeda levam as pessoas a buscarem retaliação", afirmou o presidente americano. Ele disse ainda que o status atual da violência não é novo: "Já estamos nessa fase há algum tempo".

Ontem, o secretário-geral da ONU, Kofi Annan, disse que o Iraque está "à beira" de uma guerra civil.

Violência

Alheio às discussões sobre seu futuro, o Iraque vive hoje mais um dia de violência pelas ruas. Dois carros-bomba explodiram perto do principal hospital do oeste de Bagdá, matando quatro pessoas e deixando mais de 40 feridos, segundo a polícia local.

Em um segundo relato, um oficial do Ministério do Interior disse que as quatro mortes e os feridos foram atingidos pela explosão de apenas um carro-bomba. Em Kirkuk, outra explosão, dessa vez causada por um homem com explosivos escondidos nas roupas, matou um pedestre e feriu outras 12 pessoas. A explosão foi detonada ao lado do comboio que transportava o governador da Província de Kirkuk.

Segundo o Ministério do Interior, um total de 40 corpos com marcas de tiros e sinais de tortura foram encontrados em diferentes partes de Bagdá ontem.





Fonte: Terra

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