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Sábado - 25 de Novembro de 2006 às 07:53
Por: Patricia Neves

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Pelo menos 1,5 milhão de metros cúbicos de madeiras nobres, número suficiente para encher 37 mil carretas, foram retiradas de terras indígenas na região de Apiacás (760 km ao extremo norte do Estado), segundo estimativas da Polícia Federal, que desencadeou a Operação Kayabi. Desde o dia 23, sete madeireiras - todas no interior de Mato Grosso - foram fechadas e 41 pessoas presas por integrarem uma quadrilha que extrai minério, madeira e comercializa áreas ilegalmente pela região. Dezenas de caminhões e uma balsa também fazem parte dos materiais apreendidos, mas a PF não divulga o total de bens retido pela Justiça Federal. Foram expedidos pela Justiça Federal de Mato Grosso 105 mandados de prisão. Além de Mato Grosso, foram cumpridos mandados em Goiás, Rio de Janeiro, São Paulo, Mato Grosso do Sul e Sergipe.

A assessoria de imprensa da Polícia Federal informou que todos os mandados de prisão temporária (30 dias) fora de MT já foram cumpridos. Ontem, mais quatro pessoas foram presas, duas em Paranaíta, uma em Sinop e uma no Rio de Janeiro. O ex-superintendente da extinta Fundação Estadual do Meio Ambiente (Fema), Moacir Pires, continua foragido.

A densa floresta e a dificuldade de acesso a algumas áreas fez com que as diligências se prolongassem até a madrugada de ontem. A PF não tem aeronave para sobrevoar a região. O delegado federal responsável pelo caso, Emerson Silva Barbosa, só deverá retornar a Cuiabá no final de semana.

A quadrilha, muito bem articulada, era formada por empresários, madeireiros, proprietários rurais, grileiros e funcionários do Ibama e da extinta Fema, que autorizavam falsos projetos de manejo rural, o que "legalizava" a extração em terras indígenas. Dois funcionários destes órgãos públicos foram presos na capital mato-grossense.

O juiz responsável pelas decretações das prisões, da 1ª Vara Federal, Julier Sebastião da Silva, cita em despacho que "o conflito entre índios e não-índios na região causou a chacina e a morte de cinco pessoas. Houve ainda a ação de pistoleiros que queimaram algumas casas na região e mantiveram índios como reféns".

Atualmente, cerca de 200 índios vivem na reserva indígena dos Kayabi, que tem uma área de 1,5 milhão de hectares. Vivem na região também os Apiacá e Munduruku.

Boa parte dos presos no interior, 29, estão em Sinop (500 km ao norte de Cuiabá). Entre eles uma mulher, que foi presa logo no início da manhã do dia 23. Na tarde de ontem ela passou mal e teve de ser levada para o pronto-atendimento de um hospital público.

Todos os detidos no interior permanecem na cadeia pública. Em Cuiabá os presos estão no anexo 1 do Pascoal Ramos, no bairro Jardim Centro América. Todas as pessoas detidas são investigadas por crimes de grilagem de terras públicas; exploração das florestas da terra indígena Kayabi; crimes contra o meio ambiente e a administração pública; falsidade ideológica e genocídio contra as etnias indígenas, já que a devastação desenfreada pode ter causado a extinção de etnias que viviam isoladas pela região.





Fonte: Da Redação

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