MP de pediu a prisão em flagrante do PM Luciano Aguiar da Costa, por tentativa de homicídio contra trabalhador (foto)

O Promotor de Justiça de Juara, Augusto César Fuzaro, pediu na tarde desta quinta-feira, 23 de novembro, a prisão em flagrante do policial militar Luciano Aguiar da Costa, popular Aguiar, por tentativa de homicídio contra o trabalhador Julio César Gomes, de 48 anos (foto).

Segundo o Boletim de Ocorrência lavrado pela Polícia Militar, o senhor Julio César Gomes, teria ido até a creche Madre paulina, a procura da senhora Julcelia da Silva Almeida, perguntando se ela ia levar o filho, o menor M.A.S, de 03 anos, dizendo que tinha uma autorização judicial para leva-lo para casa. Achando que fosse uma tentativa de seqüestro, a mãe teria ligado para a PM, via 190, denunciando o fato.

A guarnição teria efetuado buscas na região, localizado o suposto seqüestrador, dado-lhe voz de prisão e como ele reagiu agredindo aos policiais, eles tiveram de usar a força e com isso o homem foi ferido no rosto.

Levado para exame de corpo de delito pelo médico José Carlos Braga Neto, constatou-se uma série de hematomas, corte no rosto e sinais de agressão pelo corpo de Julio César, que depois, foi encaminhado para a Delegacia de Polícia Judiciária Civil.

Após ouvir o acusado, o Delegado Joáz Gonçalves resolveu encaminha-lo para ser ouvido pelo representante do Ministério Público. Em seu depoimento para o Promotor Augusto César Fuzaro, Julio César relatou que havia trabalhado para o policial Aguiar em uma chácara de sua propriedade com a proposta de receber um salário de R$ 1.000,00 (um mil reais), por mês. Ele relatou que na chácara morava em baixo de um barraco de lona e, como não havia recebido um centavo sequer pelos serviços prestados, procurou pelo PM para tentar conseguir o pagamento do seu trabalho, como não conseguiu, recorreu ao Defensor Público Marcelo Lereão, que lhe deu uma intimação para entregar ao ex-patrão.

De posse desse documento, o trabalhador tentou encontrar o PM e obteve a informação que ele estaria para Paranorte, foi então, que descobriu que a esposa do Aguirar, senhora Julceia, ia todos os dias a creche Madre Paulina para levar o filho e foi procurar por ela para fazer a entrega da intimação e que não tinha intenção de seqüestrar o garoto.

Continuando em seu depoimento ele disse ao Promotor, que na manhã desta quinta-feira, 23 de novembro, por volta das 06:30h, foi abordado por um homem a paisana e pelo PM Aguiar, que estava fardado e colocou-lhe uma arma em sua cabeça, mandou que levantasse as mãos e deu-lhe voz de prisão.

Ele conta que não reagiu e que dali foi levado para a casa do Tenente Félix, onde sofreu a primeira agressão, efetuada pelo policial citado e que tenente teria dito que não fizesse isso. Continuando seu relato, o homem falou ao Promotor que foi levado até a sede da Polícia Militar e que lá continuou sendo agredido com socos e pontapés pelo corpo e no rosto, na presença dos demais policiais. Depois teve de tirar os calcados e recebeu pancadas com um cacetéte na sola dos pés e que só parou de ser violentado com a chegada do Sub-comandante do 10o CPA, Tenente Félix Júnior.

Com base no depoimento do suposto seqüestrador e da coordenadora da Creche Madre Paulina, senhora Maria de Paula, popular Maria do Bemat, que confirmou a versão do acusado, o promotor de justiça solicitou a instauração de inquérito policial, que deve abranger toda a guarnição de serviço por omissão e a prisão em flagrante delito do policial Aguiar, pelo crime de tentativa de homicídio e outros e a liberação de Julio César Gomes, que de acusado virou vítima e teve de ser levado para tratamento médico. O promotor determina que Julio César tenha acompanhamento policial integral enquanto estiver internado no Hospital Municipal ou Hospital São Lucas.

O Tenente Félix Júnior recebeu a comunicação do delegado e disse que solicitou a presença do policial Aguiar para apresenta-lo à justiça, mas entende que não houve excesso na operação e que não sabe dos problemas particulares do policial.