105 pessoas têm prisão decretada acusadas de participar de esquema de exploração e grilagem de área indígena em MT

A Justiça Federal determinou a prisão de 105 pessoas envolvidas em mais um esquema de exploração ilegal do meio ambiente e grilagem de áreas indígenas envolvendo servidores públicos e políticos. A Operação Kayabi, deflagrada ontem pela Polícia Federal em 5 estados, havia prendido, até o início da noite, 35 pessoas, sendo 3 em Cuiabá. As áreas indígenas em questão são Kayabi, Apiacá e Munduruku, na Amazônia Legal, Norte do Estado, divisa com o Pará. Pelo menos 30 mil hectares de floresta já foram destruídos.

Mais uma vez a Justiça Federal determinou a prisão do ex-presidente da extinta Fundação Estadual de Meio Ambiente (Fema), Moacir Pires, e do ex-diretor de Florestas, Rodrigo Justus (ver lista com nomes de todos os que tiveram a prisão decretada na página). Os dois foram presos em 2005, durante a Operação Curupira 1, acusados de fomentar ações para exploração de áreas de preservação.

Prisões também ocorreram no interior do Estado, Mato Grosso do Sul, Goiás, São Paulo e Minas Gerais. Esses serão ouvidos por carta precatória e o documento encaminhado ao delegado responsável pelo inquérito, Emerson Silva Barbosa,da Delegacia Federal de Meio Ambiente.

A investigação teve início em dezembro de 2005, após pedido de abertura de inquérito policial pelo Ministério Público Federal. A PF trabalhou em conjunto com o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) na obtenção de informações sobre a situação real da área indígena. O interesse em explorar a região é grande, em virtude da existência de madeiras nobres, como jacarandá e jatobá.

As terras, com superfície aproximada de 1 milhão de hectares, foram consideradas indígenas por meio de portaria do Ministério da Justiça, em outubro de 2002, após estudos antropológicos, cartográficos e fundiários na região.

Desde então, segundo a PF, teve início a promoção de medidas visando impedir e retardar a demarcação das terras, além do aumento no número de grilagem, abertura de pastagens e extração ilícita de madeira. O grupo é composto por madeireiros, topógrafos, engenheiros, grileiros, peões, pistoleiros e empresários.

Prisões - Em Cuiabá foram presos o ex-superintendente e atual analista técnico do Ibama, Jacob Ronaldo Kuffner, o fiscal da Secretaria de Meio Ambiente (Sema) e ex-assessor parlamentar, Geraldo Rodrigues Pereira, e o proprietário rural Edras Soares. Os dois primeiros foram presos antes das 7h e prestaram depoimento por mais de três horas.

Após serem ouvidos formalmente, foram encaminhados para o Instituto Médico Legal (IML) para serem submetidos a exame de corpo delito (prova de que não sofreram agressões). Depois foram encaminhados para o anexo I, da Penitenciária do Pascoal

Em nota à imprensa, a Sema informou que o engenheiro florestal Geraldo Rodrigues Pereira Neto foi afastado de suas funções pelo secretário Marcos Machado, por ter sido citado na operação Curupira 1, desencadeada pela Polícia Federal no dia 2 de junho de 2005.