"Povos do Cerrado" se reunem para discutir política e qualidade de vida
Na abertura do seminário, quinta-feira 23, aconteceu a II Corrida de Toras na Esplanada dos Ministérios, a partir das 9:00h. A Corrida de Toras é um rito tradicional e um esporte de índios Macro-Jê. Consiste na disputa entre dois partidos que correm revezando toras de buriti, que pesam entre 100kg a 120kg. A I Corrida de Toras em Brasília aconteceu em 2004, por ocasião do Grito do Cerrado, mobilização social que visou sensibilizar a opinião pública e os governantes para os problemas do desmatamento no Cerrado brasileiro.
A mobilização indígena quer chamar a atenção para os efeitos do contínuo avanço das frentes agropecuárias sobre o bioma, processo que faz com que as Terras Indígenas passem a constituir verdadeiras ilhas de biodiversidade, constantemente ameaçadas pelo desmatamento de seu entorno e pela contaminação e destruição das cabeceiras dos rios.
Os povos indígenas do Cerrado e as organizações que os apóiam receberam uma notícia positiva na segunda-feira, dia 20 de novembro. Após três meses de trâmite na Fundação Nacional do índio (Funai), a minuta do decreto de desapropriação para a criação de reserva indígena para o povo Krahô-Kanela, no Tocantins, foi assinada pelo presidente do órgão, Mércio Pereira Gomes. Agora, a minuta tramita pelo Ministério da Justiça para ser encaminhada à Presidência da República.
De acordo com informações do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), porém, existe ainda o risco de que o decreto presidencial desapropriando a área não seja publicado este ano. Se isto ocorrer, a verba reservada para o processo de desapropriação não estaria mais garantida, prejudicando o processo de criação da TI.
As lideranças dos Krahô-Kanela que vieram a Brasília para garantir o andamento do processo afirmam que pretendem ficar na cidade até resolver a situação. “Ficaremos aqui até resolver isso. Não podemos voltar para a nossa comunidade sem uma resposta. E nosso povo não pode voltar a viver na casa construída sobre o lixão de Gurupi, onde vivemos durante anos. Isso é matar nosso povo”, afirmou o cacique Mariano Krahô-Kanela.
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