Vedoin confirma participação de prefeitos no direcionamento de licitações para favorecer máfia

O empresário Luiz Antonio Trevisan Vedoin, apontado como um dos chefes da máfia das ambulâncias, reafirmou nesta quinta-feira, ao depor em inquéritos abertos pelo Supremo Tribunal Federal (STF), acusações que havia feito contra prefeitos. Ele confirmou que os prefeitos atuavam no direcionamento do resultado de licitações para favorecer as empresas da família Vedoin.

“Ele (Vedoin) diz que não tinha tanto controle em nível municipal mas incumbia terceiros para atuarem junto às prefeituras, por exemplo, os próprios funcionários da Planam”, afirmou o delegado Cristian Lages, que ouviu o empresário na sede da Polícia Federal, em Cuiabá. Vedoin também reiterou que muitos parlamentares serviam como interlocutores junto às prefeituras.

Por outro lado, no depoimento, Vedoin minimizou a participação dos prefeitos ao dizer que a maioria deles não teria recebido propina. Na avaliação do delegado, os prefeitos seriam, muitas vezes, mais beneficiados pelo “fato político” do município receber unidade móvel de saúde e equipamentos hospitalares.

A previsão é que os prefeitos, a maioria de Mato Grosso, comecem a depor na próxima semana. Eles e outros servidores públicos podem ser responsabilizados por direcionamento das licitações, além da suposta vantagem de adquirir ambulâncias vendidas pelos Vedoin a preço superfaturado.

Sócio da Planam, empresa considerada cabeça do esquema de desvio de recursos do Orçamento da União para a compra de ambulâncias, Vedoin vem revelando à PF em uma série de depoimentos detalhes sobre as denúncias contra 84 parlamentares, além das 31 prefeituras supostamente envolvidos com o esquema.

O STF concedeu mais 90 dias para a PF concluir os inquéritos. A Controladoria-Geral da União também iniciou em setembro a fiscalização das prefeituras sanguessugas. A estimativa é que mais de R$ 100 milhões foram desviados dos cofres públicos.