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Politica Brasil
Terça - 21 de Novembro de 2006 às 15:29

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O Ministério da Saúde (MS) está realizando, junto à Secretaria de Estado de Saúde, uma capacitação em acidentes causados por animais peçonhentos, com especialização para os invertebrados aranhas e escorpiões. O curso começou no dia 20 de novembro, no Mato Grosso Palace Hotel, em Cuiabá, e vai até sexta-feira (24/11) sendo que na quinta-feira e na sexta-feira alunos e professores farão visitas em residências de Cuiabá à procura de aranhas e escorpiões. A Saúde do Estado pede à população da capital que permita a visita desses técnicos, pois, além de procurar animais peçonhentos, eles ainda vão passar aos moradores informações sobre como evitar a infestação desses animais nas casas e quintais e como devem agir caso sofram ataques. Os técnicos estarão devidamente identificados com crachás.

O coordenador de Vigilância em Saúde Ambiental, Oberdan Ferreira Coutinho Lara, justificou com números a necessidade da capacitação em Mato Grosso. “De julho de 2004 a julho de 2006”, informou o coordenador, “foram notificados 187 casos de ataques de aranhas e 718 casos de ataques de escorpiões contra a população de Mato Grosso. No caso das aranhas, os municípios de Colniza e Cuiabá registraram o maior número de ataques ao passo que, no caso dos escorpiões, os municípios de Cotriguaçú, Nova Bandeirantes, Apiacás e Colniza, nessa ordem, notificaram o maior número de vítimas. Esses números são preocupantes uma vez que houveram óbitos, totalizando seis registros de julho de 2004 a julho de 2006. O outro fator é a proximidade da estação das chuvas que pode contribuir para o aumento de casos”.

“A prevenção contra a infestação nos quintais e casas por esses animais peçonhentos e o tratamento correto dos ataques que venham a acontecer podem salvar vidas. Em caso de picada por qualquer uma dessas espécies a Unidade de Saúde mais próxima deve ser procurada por ter o procedimento correto incluindo o soro”, recomendou a coordenadora do curso e diretora do Laboratório de Artrópodes do Instituto Butantã, de São Paulo, Irene Knysak.

Cerca de 25 alunos, dentre médicos dos Escritórios Regionais de Saúde e dos Controles Municipais de Zoonozes, estão sendo capacitados para que atuem como multiplicadores dos conhecimentos obtidos. Através de ações educativas junto à população esses profissionais poderão, também, informar sobre as medidas que impeçam a proliferação desses animais nas residências. A equipe de professores do curso é composta, além de Irene Knysak, pelos biólogos Paulo André Margonari Goldoni e Samuel Paulo Gioia Guzzi, todos pertencentes ao Instituto Butantã, de São Paulo.

A capacitação envolve, nas aulas teóricas, os assuntos em acidentes por animais peçonhentos, aracnídeos, coleta, identificação, aspectos clínicos e prevenção, além do reconhecimento da biologia das aranhas e dos escorpiões e seus costumes. Já nos dias 23 e 24, quinta e sexta-feira, as aulas práticas se darão no campo, com coleta de animais em área urbana, com checagem de espécies, e abordagem popular na área da prevenção.

PRIMEIROS SOCORROS – Quem for picado por uma aranha ou por um escorpião não deve, em hipótese nenhuma, colocar pomadas, pó de café, folhas ou qualquer outra substância sobre o ferimento. Essas ações podem causar infecção e fazer com que os médicos percam tempo tratando primeiro disso para depois cuidar do veneno inoculado no paciente pela aranha ou pelo escorpião. Também não se deve ingerir bebida alcoólica acreditando que isso possa anular a ação do veneno. As dores na região atingida podem ser aliviadas pela aplicação de compressas mornas – mas só aliviam.

“O correto é que a pessoa que foi picada procure um serviço médico o mais rápido possível para que, se necessário, seja tratada com o soro anti-aracnídico. Também, com toda a cautela e segurança, incluindo o uso de luvas protetoras, procure capturar a aranha ou o escorpião para ajudar no reconhecimento do acidente”, recomendou Irene Knysak.

PREVENÇÃO – “Para diminuir os índices de aracneísmo e escorpionismo, palavras que identificam os percentuais de ocorrência de acidentes envolvendo a picada desses animais, a melhor arma é a prevenção”, preconizou Oberdan Ferreira. “E prevenção não é sair por aí matando aranhas e escorpiões, indiscriminadamente”. Irene Knysak explicou que “as aranhas e os escorpiões estão no topo da cadeia alimentar. Se acabarmos com as aranhas podemos provocar um aumento o número de moscas e essas sim podem transmitir doenças”.

O que se pode fazer, na opinião dos técnicos, é adotar medidas de saneamento básico residencial, eliminando entulhos, lixo doméstico, lenha, materiais de construção, pilhas de tijolos, telhas ou madeira dos quintais. Se isso não for possível a recomendação é que se faça um rodízio trimestral, mudando esses materiais de um lugar para outro, no quintal, sempre o mais longe possível da casa.

Colocar telas nas janelas, fechar as frestas e colocar sacos de areia (as populares cobrinhas de areia) nas soleiras para evitar a entrada desses animais peçonhentos, limpar regularmente atrás de quadros, de móveis, nos cantos das paredes e vedar os ralos de cozinhas e banheiros também são medidas altamente recomendáveis.

Deixar inimigos naturais de aranhas e escorpiões vivos é um bom método de controle e prevenção de infestações. Sapos, lagartixas e galinhas são inimigos naturais de aranhas e escorpiões na zona urbana. Já as corujas, os macacos e as siriemas são os inimigos naturais desses invertebrados peçonhentos na zona rural. “Além disso, em lugares onde é comum o aparecimento de escorpiões e aranhas é bom que os moradores desenvolvam o hábito de olhar bem roupas penduradas, lençóis de cama, cobertas, roupas de banho, antes de usá-las. Também olhe bem dentro de sapatos, antes de calçá-los”, preveniu Oberdan Ferreira.





Fonte: 24HorasNews

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