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Politica Brasil
Sábado - 18 de Novembro de 2006 às 10:29

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Diversos nomes da política sul-mato-grossense prestaram, entre a madrugada e a manhã deste sábado, as últimas homenagens ao senador Ramez Tebet (PMDB/MS), 70 anos, que faleceu às 23h23 de ontem após travar por 20 anos uma luta contra o câncer. O corpo do senador, que será velado na Assembléia Legislativa até as 9 horas de hoje, será levado para Três Lagoas, cidade natal do parlamentar, onde continuará a ser velado no ginásio de esportes do município, sendo sepultado por volta das 18 horas no cemitério da cidade.

O secretário-geral do PMDB, Valter Pereira de Oliveira (PMDB), suplente do senador Ramez Tebet, disse que a população brasileira ficou mais pobre com o falecimento do parlamentar e o Congresso Nacional perdeu um dos seus mais expressivos líderes. Pereira destacou ainda o bom senso do parlamentar, o espírito de concórdia que sempre teve durante momentos de conflito e divergências.

O deputado federal reeleito Waldemir Moka, presidente regional do PMDB, ressaltou que o senador Ramez Tebet era um exemplo de homem público e de pai. “Sempre demonstrou compromisso com o partido, era um homem de partido. Nesse momento em que temos uma crise ética e moral, Mato Grosso do Sul e o País perdem um exemplo de dignidade”, destaca, completando que Mato Grosso do Sul perdeu um grande representante no cenário nacional, que ocupou os mais importantes cargos da República e deixa um legado de como se fazer política e de como deve se comportar um homem público.

O vice-governador eleito Murilo Zauith (PFL) declarou a importância que o senador Ramez Tebet teve no cenário da política nacional. Zauith disse ainda que Tebet era o melhor nome entre os cargos públicos de Mato Grosso do Sul. Ele lembrou ainda que Ramez foi presidente do Congresso Nacional e representou sempre muito bem o Estado. O deputado acrescentou ainda que Deus foi bom com Ramez por ter lhe dado uma bela família.

O senador Juvêncio César da Fonseca (PSDB) afirmou que a perda do senador Ramez Tebet é muito forte para Mato Grosso do Sul. Ele destacou ainda a liderança que Ramez exercia no Congresso Nacional e afirmou ainda que Ramez era forte e marcante e voltou a salientar a perda para todo Estado.

O presidente da Assomasul (Associação dos Municípios de Mato Grosso do Sul), Eraldo Jorge Leite (PR), distribuiu nota oficial lamentando o falecimento do senador Ramez Tebet. “Quero externar minhas condolências à família, na pessoa da senhora Fairte Nassar Tebet, desse grande homem que honrou o nome de Mato Grosso do Sul no cenário nacional”, diz trecho da nota.

Eraldo disse, em nome dos 78 prefeitos do Estado, que não apenas Mato Grosso do Sul, mas o País perde um grande homem público, preocupado realmente com as causas sociais e com o desenvolvimento do Estado como um todo. Segundo ele, além de um verdadeiro cidadão e pai de família que soube educar seus filhos de forma correta, Ramez foi um político brilhante, comprometido com os ideais democráticos do País, sempre atento aos anseios do povo, sobretudo dedicado às reivindicações dos municípios.

“Além de um parlamentar experiente, dedicado e, acima de tudo, inteligente, o senador Ramez Tebet foi um grande estadista, fez muito pelo nosso Estado, trouxe grandes conquistas para os municípios”, destacou Eraldo Leite. O deputado estadual eleito Reinaldo Azambuja (PSDB) disse que o Estado perde muito politicamente. “O Mato Grosso do Sul perde representatividade na política nacional”, disse Azambuja, acrescentando ainda que Ramez sempre representou bem o Estado no cenário nacional. “Todos nós vamos sentir muita falta dele”, completou.

Luto

O governador Zeca do PT decretou luto oficial por três dias no Estado devido à morte do senador Ramez Tebet. Em nota oficial publicado nesta manhã o governador lamenta e destaca a importância e exemplo de Ramez para todo Estado. “Profundamente consternado ante o falecimento do senador Ramez Tebet, Mato Grosso do Sul despede-se de um de seus mais proeminentes líderes, cujo exemplo de dignidade pessoal e de absoluto devotamento ao interesse coletivo, ao longo de mais de quarenta anos de vida pública, estará para sempre inscrito como honroso capítulo de nossa História”, diz.

Como promotor público, professor universitário, prefeito de sua Três Lagoas, deputado estadual, vice-governador e governador, superintendente da Sudeco, senador, ministro de Estado e presidente do Senado, Ramez Tebet consagrou-se como lúcido e obstinado defensor dos princípios democráticos, fundado em sólido conhecimento do Direito, base de sua formação e instrumento essencial de prodigiosa trajetória política.

A morte do senador Ramez Tebet priva o Congresso Nacional de uma liderança cujo equilíbrio e discernimento foram testados em momentos críticos de nossa História recente. E deixa Mato Grosso do Sul órfão de um dos seus mais ilustres filhos, cuja vida pública foi inteiramente dedicada ao bem comum. Como expressão de pesar do povo e do Governo, decreto luto oficial de três dias em Mato Grosso do Sul.

O prefeito de Campo Grande, Nelsinho Trad (PMDB), também decretou luto oficial por três dias na Capital em decorrência da morte do senador Ramez Tebet, que está sendo velado nesta manhã na Capital. Nelsinho declarou ainda que Ramez foi um senador exemplar por sua postura. “Um exemplo de político e deixa uma lacuna muito grande a ser preenchida. Ele tinha uma atuação exemplar e era um grande companheiro dos seus partidários, além de um amigo e conselheiro que sempre encontrava saída diante dos conflitos”, explica. A prefeita de Três Lagoas, Simone Tebet (PMDB), filha do senador, também decretou luto oficial no município por três dias.

Saúde

Segundo o filho do senador, Rodrigo Tebet, disse que desde ontem seu pai apresentava um quadro de saúde grave, sentindo muito fraco e debilitado, mas reagia com gestos suaves. Ele declarou ainda que o senador foi um lutador valente que deixa uma lição de vida pela garra e determinação com que levou a vida.

Na hora da morte, Ramez Tebet estava em casa acompanhado da esposa, Fairte Nassar Tebet, e dos filhos Simone, prefeita de Três Lagoas, Eduarda, Rames e Rodrigo. Há uma semana, os médicos que cuidavam do senador haviam interrompido a medicação, que estava lhe provocando reações alérgicas.

Ramez faleceu devido a complicações do quadro clínico em decorrência do câncer no fígado. Na década de 80, a doença já havia atingido um dos rins do senador, sendo que, posteriormente, se manifestou na bexiga e no fígado.

História

Conhecido pelos colegas parlamentares como um senador “linha dura”, ferrenho opositor do Governo Lula, criticava a aproximação da ala lulista do PMDB do PT e a troca de apoio por cargos no governo federal. Defendia uma relação institucional com o Planalto e o apoio a projetos de interesse do País.

A assiduidade e a atuação do senador no Congresso foram reconhecidas pelo DIAP (Departamento Inter-Sindical de Acompanhamento Parlamentar), que o listou entre as cem mais importantes lideranças políticas do Congresso Nacional. A agressividade na tribuna, dos discursos inflamados, dava lugar ao “pacificador” nos bastidores políticos e a um homem de hábitos simples no ambiente doméstico, que não abria mão de garapa e água de coco, e que era “bom de garfo”, segundo a família.

Era filho do libanês Taufic Tebet, que veio para o Brasil com os irmãos em 1927, e que se estabeleceu em Bauru (SP) e posteriormente em Três Lagoas, onde abriu a Casa Violeta de Secos e Molhados. Foi na cidade que conheceu a libanesa Angelina Jaime, com quem teve quatro filhos. Ramez, o segundo mais velho, formou-se em Direito e foi promotor público e professor universitário, antes de se dedicar à vida pública. “Ser político é ser doador, é ajudar o próximo. Temos o dever de ajudar aquele que é o irmão”, dizia, ao definir o próprio ofício.

Em 40 anos de atuação no Executivo e Legislativo, foi prefeito (convocado) de Três Lagoas (1975-1978); secretário estadual de Justiça (1978) e deputado estadual (1979-1982), período em que relatou o projeto de lei que deu origem à primeira Constituição Estadual. Foi vice-governador no primeiro mandato de Wilson Barbosa Martins (PMDB), de 1982 a 1986, assumindo o Governo do Estado em março de 1986 – quando Martins se afastou do cargo para concorrer ao Senado Federal.

Ramez permaneceu no comando do Executivo até 1987. Foi ainda superintendente da Sudeco (Superintendência de Desenvolvimento do Centro-Oeste), entre 1987 e 1989. Em 1995, foi eleito para o primeiro dos dois mandatos no Senado Federal (1995-2003 e 2003-2011). Seis anos depois (2001), assumiu o comando do Ministério da Integração Nacional, na gestão do então presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), cargo do qual pediu demissão para concorrer à Presidência do Senado.

Foi eleito e permaneceu à frente do Senado e do Congresso Nacional entre 2001 e 2003. Além de membro de comissões permanentes da Casa, Ramez presidiu o Conselho de Ética e Decoro Parlamentar e a Comissão de Assuntos Econômicos, bem como as CPIs (Comissões Parlamentares de Inquérito) do Judiciário e da Mineração.

A isenção da taxa para aquisição da primeira carteira de identidade e a tipificação do crime de tortura foram alguns dos projetos apresentados por Ramez no Congresso. Também são propostas dele a alteração da idade para a aposentadoria compulsória do servidor público; a utilização dos recursos do FGTS para custear os estudos dos filhos dos trabalhadores, entre outras. Foi relator da nova Lei de Recuperação de Empresas, que substituiu a antiga Lei de Falências, do projeto Sivan (Sistema de Proteção da Amazônia) e do Orçamento Geral da União.





Fonte: Campo Grande News

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