Lançamento do “O Arquivo vai à Escola” supera expectativas
O mais antigo dos curtas-metragens exibidos foi “Rondon – o índio que virou marechal”, de 1919, filmado pelo cinegrafista oficial de Marechal Rondon, Thomas Reis. Os outros filmes foram “Pobre é quem não tem Jipe”, de Amaury Tangará, e “Saringangá”, de Márcio Moreira.
Além da exibição dos curtas, os alunos também assistiram a uma palestra do historiador e professor Aníbal Alencastro, sobre a história do cinema, e puderam conferir de perto alguns objetos antigos referentes ao tema, expostos no local, como filmadoras antigas da década de 50 em diante, assim como projetores da década de 20, editores de filmes entre outros.
O superintendente do Arquivo Público, José Roberto Stopa, esclareceu que o objetivo do projeto é levar cultura e história até os estudantes e fazer com que o Arquivo não seja visitado apenas por pesquisadores, mas por toda a sociedade estudantil. “Queremos manter o Arquivo vivo. Quando se fala em arquivo remete-se a algo parado, morto, sem vida e o que nós queremos é reverter essa posição, colocar que o Arquivo Público tem muito para mostrar”, lembrou.
Para o secretário de Estado de Administração, Geraldo de Vitto Jr, que esteve presente no evento, o projeto é mais uma forma de apresentar a cultura e também das pessoas terem conhecimento do que o Arquivo Público pode oferecer para a sociedade, com relação a história e conhecimento. “Não são apenas documentos antigos, eles fazem parte de nossa história, da nossa vida, e nosso Estado, Mato Grosso, tem uma das histórias mais ricas do país”, completou.
A estudante do 2º ano, Camila da Costa, 16 anos, achou muito interessante o que foi apresentado pelo projeto “O Arquivo vai à Escola”. “Foi bom para conhecer o cinema com mais profundidade, com a história retratada de outras formas. Se o objetivo do projeto é levar o conhecimento para os alunos, pode ter certeza que foi alcançado e isso é legal por que as pessoas não vão atrás, esperam que o conhecimento venha até eles, neste caso até a escola”, relatou a jovem, completando que o projeto deveria voltar mais vezes, com outros temas.
Com um pedaço de película de filme nas mãos, que ganhou do professor e historiador Aníbal Alencastro como lembrança do evento, o jovem Diógenes Ferreira da Silva, 19 anos, aluno do 3º ano do Liceu Cuiabano, não perdeu tempo e quis saber tudo sobre o assunto junto ao professor. Para Diógenes, esse tipo de evento é muito interessante pois, no caso dele, foi a primeira vez que pode ter um contato com o maquinário cinematográfico tão de perto. “Sempre tive interesse nos filmes, mas não tinha oportunidade de conhecer esse equipamento. Da forma como foi feito, é bom que repassa a história para as pessoas e assim a gente aprende mais. Seria bom se voltassem mais vezes”, concluiu.
De acordo com a diretora da Escola, Lucy Celestino da Silva Gomes, o evento superou as expectativas, tanto em participação dos alunos quanto pelo que foi apresentado pela equipe do Arquivo Público. Para ela, o fato do projeto acontecer no período da noite é uma forma de inclusão dos alunos que na maioria das vezes não tem oportunidade para participar de outras atividades da escola, pois trabalham durante o dia. “Esse tipo de projeto é importante porque é uma forma diferente de aprendizagem, os alunos aprendem até mais do que quando simplesmente fazem a pesquisa, sai da mesmice”, ressaltou.
História
Em sua palestra, o historiador Aníbal Alencastro contou como o cinema começou mundialmente, em 1895, mais precisamente no dia 28 de dezembro, quando os irmãos Lumiére projetaram um filme pela primeira vez. Em Cuiabá, a primeira projeção de filme aconteceu em 1908, em um circo. Depois criou-se o Cine Mundial, que pegou fogo em 1910. De 1912 a 1938, o Cine Parisien foi o cinema oficial de Cuiabá, sendo demolido para se construir o Grande Hotel, onde hoje funciona a Secretaria de Estado de Cultura de Mato Grosso. No mesmo prédio onde funcionava o Cine Parisien também funcionava o Teatro Amor a Arte e com a demolição destes, o povo cuiabano fez um abaixo assinado para que fosse construído um cine teatro na capital. O interventor Júlio Muller então construiu o Cine Teatro Cuiabá, inaugurado em 1942, e que hoje é restaurado.

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