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Agronegócios
Terça - 07 de Novembro de 2006 às 01:55

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São Paulo, 6 - A decisão do governo argentino de reduzir a tarifa de importação de soja de US$ 9 para US$ 5 por tonelada não agradou as indústrias nacionais. A medida deve favorecer a exportação de soja do Brasil para ser industrializada na Argentina e posteriormente ser reexportada com maior valor agregado. "Essa é mais uma maldade dos argentinos. Eles estão comendo o Brasil pelas bordas", afirma César Borges, vice-presidente da Caramuru Alimentos.

Segundo cálculos do executivo da Caramuru, nos últimos dez anos o Brasil deixou de exportar US$ 12 bilhões em óleo e farelo de soja. Em entrevista concedida ao AE Agronegócios, ele lembrou que o Brasil tinha uma produção de 26 milhões de toneladas de soja em 1996, das quais 3,5 milhões eram exportadas. Atualmente, o País possui uma produção de 50 milhões de toneladas e uma projeção de exportar 28 milhões de toneladas.

"Com isso, as fábricas na Argentina ficaram, no mínimo, três vezes maiores em tamanho médio que as fábricas aqui no Brasil. Até a gente conseguir voltar à situação anterior, em que o Brasil já foi o primeiro mundial em farelo em óleo vai demorar, se é que a gente consegue isso", disse Borges na entrevista.

Na avaliação de Sérgio Mendes, presidente da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec), a redução das tarifas tem como objetivo estimular a industrialização na Argentina, visto que o país tem ociosidade em suas indústrias. "Fica claro que a Argentina não tem condições de ampliar sua área plantada no mesmo ritmo que cresce sua demanda por óleo e farelo. Para não perder mercado eles decidiram estimular a importação de grãos", afirma.

Para Mendes, a alternativa para o Brasil competir com a Argentina seria a isenção para a industrialização. "O Brasil já é menos competitivo em termos tributários e fiscais e se nada for feito poderemos perder a competitividade também no setor de grãos", afirma.

"Espero que o governo brasileiro acorde a tempo para apoiar a industrialização de soja no País, pois além de exportarmos apenas a matéria-prima passaremos a exportar também os empregos gerados aqui para a Argentina", diz Borges.




Fonte: Agência Estado

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