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Internacional
Domingo - 05 de Novembro de 2006 às 11:58

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Saddam Hussein, que foi condenado à morte hoje depois de ter passado 24 anos governando o Iraque, nasceu em 28 de abril de 1937, em Al-Awja, aldeia pertencente a Tikrit, cidade muçulmana sunita situada a 150 quilômetros de Bagdá. Nascido no mesmo lugar que o lendário Saladino e descendente de uma família de camponeses, Saddam, devido à morte do pai, foi educado por seu tio, Khairallah Tulfah, que depois veio a ser governador de Bagdá.

Em 1956, aos 19 anos, aderiu ao partido Baath e, no mesmo ano, participou de um golpe de Estado fracassado contra o rei Faisal II.

Dois anos depois, participou de outro golpe, dessa vez contra Abdul Karim Qassim, carrasco do monarca e líder do novo regime golpista.

Acusado de complô, foi condenado à morte à revelia em fevereiro de 1960, sentença da qual conseguir escapar fugindo vestido de mulher para o Egito e através da Síria, onde as autoridades lhe concederam asilo político.

No Cairo, concluiu seus estudos secundários e foi admitido na Escola de Direito - terminaria a faculdade anos depois, em 1968 -, onde se relacionou com jovens membros do Partido Baath egípcio, de inspiração esquerdista e pan-árabe.

Em fevereiro de 1963, Saddam retornou ao Iraque, assumindo o comando da organização militar do partido. Embora o Baath tenha sido momentaneamente derrubado e Saddam mandado para a prisão, o partido protagonizou outro golpe em 1968, e desta vez tomou o poder.

Em novembro de 1969, Saddam foi nomeado vice-presidente do Conselho do Comando Supremo da Revolução, tornando-se assim o "número dois" do regime, depois do presidente, o general El-Bakr.

O novo regime logo se aproximou da União Soviética e em 1972 um Tratado de Amizade e Cooperação foi assinado entre os dois países.

Depois, também foram selados acordos com a Alemanha Ocidental, o Japão e os Estados Unidos.

Em 16 de julho de 1979, o presidente El-Bakr renunciou por motivos de saúde. Saddam assumiu então os títulos de chefe de Estado, presidente do Conselho do Comando Supremo da Revolução, primeiro-ministro, comandante das Forças Armadas e secretário-geral do partido Baath.

Quinze dias depois, uma conspiração surgida entre os membros do partido do recém-nomeado líder máximo do Iraque terminou com a execução de 34 pessoas, entre elas membros do Exército e alguns dos mais íntimos colaboradores de Saddam Hussein.

Em 22 de setembro de 1980, após uma série de incidentes na fronteira com o Irã causados pela disputa da região petrolífera de Chatt-el Arab, o Iraque declarou guerra ao país vizinho.

No conflito, durante o qual Saddam aumentou a importação de armas do Ocidente, foram utilizados gases tóxicos no front e estreitados os laços com os regimes árabes moderados. A guerra entre os dois países durou oito anos (o cessar-fogo foi assinado em 20 de agosto de 1988) e nela morreram mais de um milhão de pessoas.

Em 2 de agosto de 1990, apenas dois anos depois do fim da disputa, tropas iraquianas, seguindo ordens de Saddam Hussein, invadiram o vizinho emirado do Kuwait, país que mais ajudou financeiramente o Iraque durante a guerra com o Irã.

Mas nesse período, o Kuwait frustrava os desejos iraquianos na Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) de diminuir a produção para que o preço do barril no mercado aumentasse.

A crise gerou um grave conflito internacional, com o deslocamento de efetivos militares de vários países ao Golfo. Vencido pelos aliados ocidentais liderados pelos Estados Unidos, Hussein teve que aceitar o embargo econômico imposto a seu país pela ONU, organismo que, ao mesmo tempo, fez um acordo para inspecionar e desmantelar o programa armamentístico (biológico e químico, especialmente) do país.

Terminada a guerra, Saddam ainda teve que enfrentar as revoltas xiita e curda no Iraque, que não titubeou em reprimir duramente.

Entre 1991 e 1992, EUA, Reino Unido e França estabeleceram, sem o respaldo de uma resolução da ONU, duas regiões de exclusão aérea - ao norte do paralelo 36 e ao sul do paralelo 32 - com o objetivo declarado de proteger a população curda e xiita.

A proibição dos aliados foi permanente fonte de conflitos desde sua entrada em vigor, terminando com a derrubada de alguns aviões dos dois lados, somados aos duros efeitos do embargo econômico que tentaram suavizar com o programa "Petróleo por Comida".

Nem a debilitada situação econômica nem o pós-guerra comprometeram o êxito de Hussein nas urnas, e, em 15 de outubro de 1995, o presidente iraquiano obtinha o apoio de 99,96% da população num plebiscito, o primeiro da história do Iraque, sobre sua continuidade no poder até 2002.

Dois meses antes, Saddam tinha enfrentado a traição dos maridos de duas de suas filhas e íntimos colaboradores, Hussein Kamel e Saddam Kamel al-Majid, que em agosto de 1995 abandonaram o país e foram para a Jordânia.

A recusa dos países ocidentais em conceder asilo político aos dois genros de Saddam, apesar da oferta de informação militar secreta, precipitou o retorno deles a Bagdá em fevereiro de 1996, onde morreram numa invasão que também matou o pai dos traidores e outros parentes.

Em 1997, começaram as desavenças do regime com a UNSCOM, comissão da ONU encarregada de supervisionar o desarmamento do Iraque - por causa da suspeita de que país buscava armamento químico e nuclear -, o que se prolongaria por seis anos e que serviria de pretexto para os Estados Unidos invadirem o Iraque.

Em janeiro de 2002, após os atentados terroristas de 11 de setembro de 2001 em Nova York e Washington e a campanha afegã contra o regime talibã, o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, iniciou a "segunda fase contra o terrorismo internacional".

Bush acusou o Iraque de ter ou desenvolver armas de destruição em massa, contrariando as resoluções da ONU impostas após a Guerra do Golfo, e de manter vínculos com o terrorismo internacional.

Saddam Hussein, que negou as acusações, acusou Bush de manipular a suposta ameaça que o Iraque representava para a paz mundial e acrescentou que a única coisa que Washington buscava no Iraque era o controle do petróleo no Oriente Médio.

Em 20 de março de 2003, a coalizão britânica-americana iniciou a intervenção militar no Iraque com um bombardeio inicial sobre Bagdá.

O paradeiro de Saddam Hussein se transformou numa incógnita até que, em 4 de abril, a televisão iraquiana mostrou o ditador, cercado de aliados seus, passeando pelas ruas da cidade.

Em 8 de abril, um dia antes de as forças americanas atingirem o coração de Bagdá, um bombardeiro B-1 lançou quatro bombas de perfuração de bunkers contra um edifício da capital iraquiana, onde se acreditava que Saddam Hussein estivesse reunido com outros hierarcas do regime.

Em 13 de dezembro de 2003, Saddam Hussein foi capturado numa fazenda da cidade de Adwar, próxima a Tikrit, sua cidade natal.

Segundo a coalizão militar, foi um membro de uma família próxima a Saddam quem o delatou.

As tropas encontraram o dirigente iraquiano escondido num buraco subterrâneo camuflado com terra e tijolos, de entre 1,80 e 2,40 metros de profundidade, com um duto de ventilação.

Saddam, que não apresentou resistência alguma, estava sujo e desorientado quando foi capturado. Posteriormente, foi submetido a um exaustivo reconhecimento médico e a um teste de DNA, que confirmou sua identidade.

Quinze dias depois, em 1º de janeiro de 2004, o Pentágono o reconheceu como "prisioneiro de guerra", e, em 30 de junho, transferiu sua custódia judicial ao novo Governo provisório iraquiano.

Durante 24 meses, Saddam permaneceu sob custódia das forças americanas, à espera de ser julgado por um Tribunal Especial iraquiano patrocinado pelos Estados Unidos, que em 19 de outubro de 2005 iniciou o processo contra o ex-ditador.

O presidente iraquiano se casou duas vezes: em 1963, com sua prima de sangue Sajida Khairallah, filha do tio que o adotou e com quem teve dois filhos e duas filhas, Raghad e Rana - que após o desmoronamento do regime foram acolhidas pelo rei Abdullah II da Jordânia -; e em 1988, com uma mulher também de seu clã, Samira Fadel Shahbandar, que lhe deu outra filha, que atualmente vive em Beirute.

Seus filhos mais velhos, Uday e Qusay, considerados os homens mais influentes de seu regime, foram mortos em Mossul em 22 de julho de 2003 por disparos das forças americanas no Iraque, após serem entregues em troca de uma recompensa de US$ 15 milhões oferecida por cada um deles.





Fonte: EFE

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