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Internacional
Domingo - 05 de Novembro de 2006 às 11:16

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O primeiro-ministro britânico, Tony Blair, é apresentado em um livro que acaba de ser publicado no Reino Unido como um político de caráter presidencialista e obcecado pelo poder central, pelas estatísticas e pela fixação contínua de metas.

O livro Thatcher & Sons, da editora Allen Lane, foi escrito pelo jornalista Simon Jenkins e defende a polêmica tese de que Blair de continuidade e aprofundou a revolução política e econômica iniciada por Margaret Thatcher.

Segundo Jenkins, Thatcher não era, na realidade, uma conservadora, mas uma radical decidida a libertar o mundo empresarial das amarras do socialismo que, embora tenha reduzido o controle direto da economia pelo Estado, aumentou, ao mesmo tempo, sua regulação.

Thatcher e, depois, seus seguidores - como o também conservador John Major, e, em seguida, o trabalhista Blair, junto com seu ministro do Tesouro e aspirante a sucessor, Gordon Brown - fizeram uma concentração do poder nas esferas do governo, algo que não tinha sido visto até então.

Na opinião de Thatcher, o Estado não precisava ser proprietário das empresas que queria controlar. Bastava que ele regulamentasse sua atividade.

A Dama de Ferro se desfez, assim, de uma série de indústrias que não funcionavam bem e das que o Estado não tinha motivo pelo qual ser proprietário, principalmente nos setores automobilístico, de estaleiros e de petróleo, que não eram, em nenhum caso, monopólios naturais.

Seu sucessor, John Major, foi mais longe e se atreveu a fazer o mesmo com o carvão, com o serviço de correios e com as ferrovias, embora, na opinião de Jenkins, estes setores fossem, antes de sua privatização, "a rede mais econômica e eficaz da Europa".

A privatização das ferrovias, critica Jenkins, custou ao Tesouro britânico - obrigado a continuar a subsidiando-as - cinco vezes mais do que elas custavam antes de sua passagem às mãos privadas, ao mesmo tempo que sua pontualidade caiu e a insatisfação dos usuários aumentou.

As constantes reorganizações dos serviços públicos sob Thatcher e aqueles que a seguiram - envolvendo desde a saúde até as universidades e a Polícia - não só desorientaram e desmoralizaram os funcionários públicos como solaparam a autonomia local, na qual Jenkins vê a base de uma autêntica democracia.

Com Blair e Brown - este último, um ministro do Tesouro que acumulou mais poderes em suas mãos que todos os outros ministros que a pasta já teve -, os serviços públicos financiados com capital privado chegaram, além disso, a níveis inéditos, algo que os dois tinham criticado quando estavam na oposição.

Segundo Jenkins, em julho de 2003, Brown se gabava de ter completado 450 projetos desse tipo, incluindo 34 hospitais, 239 escolas, 12 prisões e 34 delegacias e estações de bombeiros.

Dois anos mais tarde, o Serviço Nacional de Saúde havia feito empréstimos de cerca de 9 bilhões de euros para projetos financiados com dinheiro privado, enquanto muitos outros aguardavam sua vez.

Outra crítica de Jenkins se refere ao espetacular aumento de assessores e analistas externos recrutados pelo governo, que constituem uma espécie de conjunto de funcionários civil paralelo, só que muito mais bem equipado e remunerado.

O autor afirma também que, sob o governo trabalhista, foram investidos milhões de libras em projetos de administração eletrônica, bancos de dados e sistemas informáticos, em parte, mal aproveitados, enquanto a necessidade paralela de economizar fez com que vários postos de trabalho em serviços básicos como a saúde fossem eliminados.

Jenkins zomba, por outro lado, da obsessão de Blair e de Brown pela fixação de metas para o governo, o que, segundo ele, chegou a "absurdos extremos".





Fonte: EFE

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