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Nacional
Domingo - 05 de Novembro de 2006 às 10:48

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A política externa brasileira não deve sofrer mudanças profundas no segundo mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em relação à forma como se desenvolveu nos últimos quatro anos. A análise é do professor de Ciências Políticas Antonio Carlos Peixoto, da Universidade do Estado do Rio de janeiro (Uerj).

Ele lembrou que entre as três linhas desenvolvidas na política externa brasileira está a que se refere à revisão das pautas de comércio o Brasil se colocou contrário aos subsídios às exportações e aos subsídios internos, que estimulam, por meio de dotações governamentais, a produção de bens.

Segundo Peixoto, isso ocorre principalmente na agricultura da União Européia e dos Estados Unidos, onde os produtores podem vender por um valor mais baixo, compensado com o que recebem dos governos pela diferença de preços. "É um conflito aberto de muitos países nestas práticas injustas, que prejudicam boa parte do mundo. Essa linha vem enfrentando resistências e se deparando com obstáculos, em especial na rodada de Doha da Organização Mundial do Comércio, no Catar, onde se iniciaram estas conversações", disse.

Em entrevista ao programa Notícias da Manhã, da Rádio Nacional, o professor ressaltou que nesse caso, embora já tenha ocorrido uma vitória parcial, com o compromisso dos países que subsidiam as exportações de acabar com a compensação a partir de 2013, ainda falta a parte mais importante: a que se refere à produção.

"Os subsídios atingem quase US$ 1 bilhão por dia, gastos pelos Estados Unidos e pela União Européia. Estamos nessa luta, continuamos discutindo, temos alianças com outros países emergentes e se não estão andando na rapidez que queríamos, pelo menos, estão andando", afirmou.

Peixoto destacou como outra linha desenvolvida na política externa a luta por um assento permanente no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU). "Acho que o Brasil vai jogar menos no protagonismo e se concentrar mais na questão do Conselho de Segurança, que não é fácil, mas já há declarações simpáticas, e diminuir a disputa por outros cargos em outras dessas organizações", disse.

Na avaliação do professor, o governo brasileiro terá ainda uma política específica com relação ao Mercosul e à integração do continente: "A intenção da União Sul-Americana é evitar a questão das tarifas, que será muito espinhosa. Não se pode dizer nem ao Chile, nem à Colômbia, que organizem as tarifas, no que diz respeito aos Estados Unidos, e uniformizem de acordo com o Mercosul. A idéia da integração sul-americana é de uma área de livre comércio, ou seja, entre os países da região vão vigorar tarifas de importação de uns países em relação aos outros. Mas área de livre comércio é um estágio inicial e terá que se desenvolver com isso, estarão em evidência os acordos bilaterais com os Estados Unidos", lembrou.

E a terceira linha a ser tratada, segundo Peixoto, deverá levar em conta a política externa do presidente venezuelano Hugo Chávez, com destaque para o acordo de defesa, que prevê a construção de bases militares na fronteira com o Brasil. "Se as coisas sempre andaram direito, o Brasil nunca invadiu a Bolívia, com base e nem sem base, então para quê isso? É um dos problemas que a diplomacia brasileira vai ter que enfrentar", concluiu.





Fonte: Agência Brasil

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