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Politica Brasil
Quarta - 01 de Novembro de 2006 às 06:45
Por: Onofre Ribeiro

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Tão logo terminou a apuração do segundo turno da eleição, ainda na noite de domingo, o presidente Lula deu uma entrevista coletiva improvisada no momento em que fazia um pronunciamento sobre a vitória. Na entrevista, fez questão de anunciar a sua imediata intenção de iniciar conversa com os governadores eleitos.

Isso tem sentido. Escaldado com o escândalo do mensalão que provou pesada erosão em seu governo, ele quer blindar-se contra futuros desgastes. Em entrevista para a revista RDM que circulará no próximo domingo, o deputado federal reeleito, Carlos Abicalil, disse-me que os governadores de todos os estados serão privilegiados como interlocutores do presidente da República.

Traduzindo: ele não vai manter os governadores distantes como no primeiro governo, quando a prioridade foi toda para o Congresso Nacional, e acabou resultando no pagamento de mensalão para ter apoio político e governabilidade.

Lula insistiu na mesma entrevista que aprendeu muito no primeiro mandato. Ele quis dizer que não colocará mais todos os ovos só na cesta do Congresso Nacional. Na prática, a coisa funcionará da seguinte maneira, a julgar pelos sinais emitidos pelo presidente. Na sua primeira gestão, os governadores não tiveram peso político. Aqueles que tinham domínio da sua bancada no Congresso Nacional e podiam determinar o rumo das votações de interesse do governo, tinham tratamento um pouco melhor.

Mas aqueles que não dominavam o voto dos seus deputados e senadores foram tratados a pão e água. Por sua vez, os parlamentares recebiam tratamento especial na liberação de recursos das emendas parlamentares e na indicação para cargos comissionados, entre outros favores pagos com recursos públicos. Um desses favores foi o mensalão, cujo desgaste nem é bom falar.

Agora, prevenido, o presidente quer falar diretamente com os 16 governadores eleitos em apoio ao PT, e com os 12 eleitos por partidos adversários. Ele quer abrir diálogo nas bases estaduais com um tipo de tratamento objetivo, como destinação de recursos públicos e obras.

Porém, governador será um coisa. Congresso Nacional será outra. Com os parlamentares o relacionamento não está claro ainda, mas já se percebe que, por medo de tantos escândalos como no primeiro mandato, o presidente quer criar um estilo de relacionamento mais seguro.

A novidade é que os governadores deixarão de ser coadjuvantes da política nacional, para ocuparem um espaço nobre. A culpa disso é do próprio Congresso que se deixou levar pelo imediatismo. Nas eleições os governadores acabaram ocupando espaços mais pragmáticos junto à opinião pública, que viu a eleição de parlamentares com o rabo de olho. Pelo andar inicial da carruagem, o presidente parece retomar o velho estilo “Lulinha paz e amor”.

Onofre Ribeiro é articulista deste jornal e da revista RDM onofreribeiro@terra.com.br





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