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Meio Ambiente
Quinta - 26 de Outubro de 2006 às 01:35

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A emissão de poluentes nas grandes cidades terá uma solução parcial, porém eficiente. A Sabertec, empresa de tecnologia ambiental, junto com o Laboratório de Poluição Atmosférica da Faculdade de Medicina da USP divulgou na manhã desta quarta-feira os resultados dos testes com um catalisador de nova tecnologia, realizados de julho a outubro deste ano. O Filtro de Impacto para Particulado Diesel (IDPF) foi criado e desenvolvido no Brasil pelo engenheiro Sergio Varkala Sangiovani e é voltado para purificar os poluentes emitidos por veículos a diesel.

A tecnologia é inovadora, e o catalisador é capaz de filtrar partículas quatro vezes menores que os poluentes retidos nos filtros já existentes. O IDPF está apto a reter partículas de poluentes com diâmetro inferior a 2,5 micrômetros (PM 2,5). "O que já existia eram purificadores de PM 10 (10 micrômetros), partículas maiores e visíveis", explica o fundador da Sabertec, William J. O'Brien. O filtro é reutilizável e pode ser lavado com água e sabão.

Atualmente, a filtragem catalítica é a mais comum. Ela captura os resíduos e os queima. "O produto da queima é água e gás carbônico, prejudicial para a camada de ozônio, logo agrava o aquecimento global", diz o representante da Sabertec. Protocolo de testes

Os testes foram realizados no autódromo de Interlagos, zona sul da capital. Os técnicos escolheram um ônibus diesel que representasse a média de qualidade tecnológica do transporte urbano que circula em São Paulo. Ainda reproduziram o circuito percorrido pelos corredores de ônibus, simulando velocidade média, paradas, ladeiras e descidas.

A partir disso, dois tipos de monitoramento de resultados foram feitos: um antes da implementação do catalisador e outro depois. "E os efeitos se apresentaram satisfatórios", afirmou Paulo Afonso André, engenheiro mecânico coordenador da área de equipamentos experimentais para monitoramento ambiental do Laboratório de Poluição Atmosférica da USP. "A concentração, antes de 1753 microgramas por metro cúbico de enxofre, reduziu-se para 709 microgramas por metro cúbico", comemora.

Saúde O professor Titular e Chefe do Departamento de Patologia da Faculdade de Medicina da USP, dr. Paulo Hilário Saldiva, julga que as conseqüências para a saúde da inalação do PM 2,5 são tão graves quanto do PM 10. "O resíduo de enxofre de 2,5 micrômetros para baixo se instala nos pulmões, carregando muitas toxinas e permitindo a deposição de metais pesados na região", explica.

Ele aponta que a poluição de São Paulo é responsável por doenças como câncr, asma, bronquite, quase a totalidade de doenças cardio-respiratórias e até abortos. O pior é que as causas dessas doenças independem de indicações do médico ou profilaxia do paciente.

As soluções até então apresentadas não eram viáveis. A intenção é reduzir a emissão de poluentes. "Não é possível tirar os veículos de circulação, não é possível os motores permanecerem funcionando como novos, os catalisadores existentes são corroídos pelo enxofre. Assim, quando surgiu a oportunidade de fazer parceria com um projeto que trouxesse soluções reais para o problema, fizemos", completa Saldiva.

Ruim para os pacientes, ruim para a máquina pública. O gasto no tratamento de doentes, incapacidade de trabalho e, conseqüentemente, redução de impostos, desestruturação familiar, chega a US$ 400 milhões por ano na região metropolitana de São Paulo.

A Sabertec cobra US$ 1.100 por filtro. "O custo é relativo. São Paulo consome US$ 750 milhões todos os anos só para sanar sintomas de problemas relacionados à emissão de poluentes. Em contraposição, para instalar o IDPF na frota de ônibus inteira da cidade totalizaria US$ 50 milhões, investidos uma única vez", compara O'Brien.

O exemplo de Diadema Em Diadema, região da Grande São Paulo, o sistema IPDF vigora há um ano. "Foi um casamento de oportunidades. Sergio me procurou querendo realizar a experiência. Ele tinha quem fabricasse os filtros e a prefeitura deveria ceder a frota municipal de ônibus para a implementação", diz o secretário do Meio Ambiente de Diadema, Marco Antonio Mroz.

O secretário afirma que a experiência teve grande êxito e foi apresentada na reunião dos secretários do Meio Ambiente da região metropolitana paulista. "Ficou provado que com equipamento barato e a contribuição de cada município - afinal a bacia aérea não tem limites geográficos - é possível reduzir os índices de poluição', conclui.

A prefeitura de São Paulo está de olho nos testes, de acordo com O'Brien. Inclusive, no lançamento do filtro o secretário do Verde e Meio Ambiente de São Paulo, Eduardo Jorge, estava presente. Mas não há planos nem projetos definidos por enquanto. "De qualquer forma, o apoio da prefeitura foi fundamental para a realização dos testes, principalmente o acesso ao autódromo".




Fonte: Terra

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