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Politica Brasil
Quarta - 25 de Outubro de 2006 às 18:25

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Pete Bethune era um engenheiro de petróleo e microempresário neozelandês que só havia pilotado botes em sua vida, mas agora está a ponto de dar a volta ao mundo em tempo recorde em uma lancha digna de um filme de James Bond, movida a biodiesel.

"Estou fazendo isto para promover os combustíveis biológicos, acreditamos no biodiesel", disse Bethune, 41 anos, de pé ao lado de sua lancha, "Earthrace", em um cais de Fort Lauderdale - uma das muitas escalas que faz em sua viagem pelo mundo para promover o combustível, que terminará em março de 2007, quando tentará dar a volta ao mundo em menos de 65 dias.

O recorde atual de travessia global em menos tempo é da lancha "Cable and Wireless Adventurer", que realizou a façanha em 75 dias em 1998.

Bethune acredita que pode bater o recorde com a eficiência de sua "Earthrace", capaz de navegar 3.700 km sem necessidade de reabastecimento, a 45 km/h, e quase 26.000 km a 13 km/h com vento.

O biodiesel é um combustível feito normalmente a base de óleos vegetais, como os de canola, soja ou palma, e é uma alternativa aos poluentes combustíveis fósseis.

Mas a "Earthrace" não foi projetada para navegar a velocidades tão pequenas, como 13 km/h. O barco é um trimarã (catamarã de três cascos, sendo um principal com um balancim de cada lado, uma tradição náutica no Pacífico sul), feito de kevlar (fibra sintética altamente resistente usada em coletes à prova de balas) e fibra de carbono, duro como pedra e leve como uma pluma.

Mas é o casco principal o que o distingue. É projetado para furar ondas como uma lança, ao invés de surfá-las como um barquinho qualquer.

"Estivemos em mares de 40 pés (12 metros)" de altura, disse Bethune, com ar blasé. "Dá medo, é uma experiência que dá medo, é muito impressionante", acrescentou, desta vez com um sorriso nervoso nos lábios.

Ele contou ter vivido sua experiência mais assustadora na própria Nova Zelândia, com ondas de quatro metros de altura batendo contra o barco. Dois membros da tripulação (normalmente são quatro) tiveram que se retirar porque passaram mal. Mas a lancha resistiu, sem sofrer danos.

Em algumas ocasiões, ficaram completamente submersos por alguns segundos, mas sem maiores problemas. Os respiradores dos motores situam-se na parte superior da embarcação, razão pela qual não "se afogam".

Um perigo inerente de estar debaixo d''água, contou Bethune, é que nunca se sabe o que se pode encontrar. A tripulação confirmou, contando que uma vez uma tartaruga bateu contra o barco como se fosse uma bala de canhão.

A dureza da lancha também foi posta à prova recentemente, ao sair do Canal do Panamá. Seis homens em uma lancha atiraram em sua direção, sem lhe causar danos. "Era a Marinha colombiana e pensaram que éramos traficantes de drogas", contou. "Não podiam nos ver no radar" devido aos materiais de que é feita a lancha.

Por dentro, a embarcação é muito simples, sem grande conforto, algo que foi sacrificado em nome da eficiência. Há espaço para oito pessoas e uma cozinha com forno microondas. O piso é de fibra de carbono e cânhamo, outro material ecológico.

O espaço recreativo é uma pequena coberta na parte traseira, que não pode ser usada com mau tempo, e não há ar condicionado.

"É terrivelmente quente e úmido", reclamou o piloto. "Em termos de conformo é realmente básica", acrescentou.

Mas são estas aventuras, segundo Bethune, o principal atrativo de sua lancha. Poder demonstrar que os combustíveis biológicos são eficientes, não falham em situações extremas e são capazes de impulsionar embarcações a velocidades incríveis. Além disso, não poluem o ambiente, contou com a convicção de quem trabalhou na indústria do petróleo.

A tripulação da "Earthrace" concluirá sua viagem de apresentação nos próximos meses na Europa e no Mediterrâneo, antes de partir para Barbados para tentar bater o recorde mundial.





Fonte: AFP

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