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Politica Brasil
Terça - 24 de Outubro de 2006 às 09:16
Por: João Carlos M. Caldeira

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Imagine a seguinte cena: você vai até o supermercado de sua preferência para fazer as compras da semana, paga uma taxa para estacionar seu carro e mais uma pequena tarifa para utilizar o carrinho de compras. Se quiser um carrinho maior, com brinquedos para crianças, paga um pouco mais.

Continuando no supermercado, passa no setor de panificação para comprar uns pãezinhos e paga mais uma taxa de funcionamento da padaria e da balança que pesa o produto. Segue para o açougue e paga a parte, é claro, uma taxa para cortar os bifes e passa-los na máquina para amaciar.

Ao final, no caixa do supermercado de sua preferência, após registrar todos os produtos adquiridos, você observa que o estabelecimento lança em sua conta as seguintes despesas: taxa de ar condicionado, taxa de embalagem e empacotamento, taxa de som ambiente e tarifa de manutenção do seu cadastro, tudo isso com muita educação, cordialidade e profissionalismo.

Parece absurdo e estapafúrdio tudo isso, não acha? Quem em sã consciência estaria disposto a pagar tantas tarifas e taxas para ser cliente de um supermercado? Mais por mais revoltante e abusivo que seja, é exatamente isso que acontece com todos que são clientes do sistema bancário brasileiro.

Nesta semana, recebi um e-mail, desses que circulam aos montes pela internet, em que um cliente reclamava junto ao seu banco, o Bradesco, de toda essa situação. Trata-se de uma completa inversão dos valores capitalistas, da livre iniciativa e da concorrência sadia, e o pior, tudo dentro da lei, amparado pelo Banco Central do Brasil. Na verdade, nos habituamos com essa imoralidade legal e nem nos indignamos mais com a situação.

Observe seu extrato mensal ou solicite uma tabela de tarifas de serviços (todo banco tem a obrigação de fornecer). Comece pela sua conta corrente (pessoa física ou jurídica): tarifa de manutenção de conta corrente ativa –mensal, tarifa de manutenção de conta inativa (é isso mesmo, os bancos cobram por você não movimentar a sua conta depois de alguns meses).

Dependendo da tarifa que você paga para manter sua conta, você ainda deve desembolsar outros valores para: extratos, saques, emissão e processamento de cheques, depósitos, transferência de valores, cartão magnético, entre outros.

Se não bastasse tudo isso, ao comprar e pagar muito bem pelo principal produto dos bancos (o dinheiro), você é ainda obrigado a arcar com a tarifa de cadastro, de abertura de crédito, de ordem de pagamento, de cópia de documentos, atestados, cobrança de títulos e uma interminável lista, de cerca de 70 itens.

Parece um absurdo e até desonestidade, mas é o que ocorre no relacionamento entre clientes e o sistema bancário, que por proteção da lei e do poder econômico, não é regido pelo código de defesa do consumidor, como todas as demais atividades.

Tente financiar um automóvel, por exemplo, e observe os abusos: você compra um produto e paga os juros de mercado, além disso, é obrigado a pagar uma taxa de abertura de crédito, uma taxa para confecção ou renovação do cadastro, e na maioria das vezes, o gerente ainda te obriga a fazer um seguro ou comprar títulos de capitalização.

Pensando bem, dá pra entender porque que as instituições financeiras, inclusive as estatais como o Banco do Brasil, lucram bilhões de reais todos os anos: cobram até o ar que respiramos em suas agências e ainda saímos de lá felizes e dizendo obrigado ao gerente.

João Carlos M. Caldeira Empresário, jornalista e professor universitário. E-mail: joaocmc@terra.com.br 21/10/2006





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