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Internacional
Segunda - 23 de Outubro de 2006 às 15:14

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Dois meses antes de entrar na UE, a Bulgária vive uma apatia política sem precedentes, com 60% de abstenção nas eleições presidenciais realizadas neste domingo, fazendo com que o xenófobo Volen Siderov chegasse ao segundo e decisivo turno contra o socialista Georgi Parvanov.

"Dois terços do eleitorado não votou" ou "Parvanov é quase presidente diante de um boicote em massa do voto", são algumas das manchetes da imprensa búlgara hoje.

Apesar de ter conseguido 64% dos votos, o atual presidente Parvanov enfrentará Siderov no segundo turno, que será realizado no próximo domingo, pois a participação não superou o mínimo de 50% exigido para a decisão no primeiro turno. O candidato ultra-nacionalista ficou em segundo, com 22,4% dos votos.

Apenas 42,5% dos 6,4 milhões de búlgaros com direito a voto foram ontem às urnas. Em algumas regiões a participação chegou a ser menor que 25%.

A presidência da Bulgária será disputada entre o pró-europeu Parvanov, que se apresenta como "o presidente de todos os búlgaros", e Siderov, que ataca as minorias no país, especialmente os turcos, os ciganos e a minúscula comunidade judaica.

"Bulgária para os búlgaros", reivindica Siderov, um jornalista de 50 anos e hoje líder do ultranacionalista partido "Ataka" (Ataque), que no ano passado conseguiu, pela primeira vez, entrar no Parlamento.

Por outro lado, o socialista Parvanov, um historiador de 49 anos, promete continuar sendo o fiador da convivência étnica no país balcânico, tal como diz ter sido nos últimos quatro anos.

"É fatal que Siderov esteja promovendo a política do Ku Klux Klan na Bulgária", afirmou um preocupado Parvanov ao serem divulgados, ontem à noite, os resultados do primeiro turno.

Segundo o atual chefe de Estado, o voto radical existe também em outras partes da Europa, e que no caso da Bulgária não foi uma surpresa. Mas Parvanov considera que a ameaça está no fato de que o voto de protesto venha adquirindo um caráter étnico-religioso.

Durante o primeiro mandato de Parvanov, a Bulgária entrou na Otan, em 2004, e assinou seu tratado de adesão à União Européia (UE), em 2005, enquanto Siderov exige que a Bulgária saia da Aliança Atlântica, e faz duras críticas à UE.

Segundo analistas locais, Siderov atrai votos menos por sua retórica nacionalista que pelas suas palavras de ordem populistas, críticas aos políticos corruptos "que saqueiam a Bulgária" e promessas de "devolver o dinheiro (roubado) aos pobres".

Desta forma, conquistou o voto dos descontentes pelos 17 anos de transição do comunismo à economia de mercado, enquanto a corrupção, o crime e a pobreza crescem em um país onde o salário médio é de 160 euros.

Mais moderado que nunca, Siderov manifestou ontem à noite sua esperança de que no segundo turno seja apoiado pelas "pessoas prejudicadas pela transição", um processo que empobreceu um grande setor da população búlgara e que provocou uma forte onda migratória.

O fato de Siderov ter ido ao segundo turno se deve também ao baixo resultado da direita, representada pelo ex-presidente do Tribunal Constitucional, Nedelcho Beronov, que apoiado por cinco partidos conservadores conseguiu apenas 9,74% dos votos.

A centro-direita búlgara, que atravessa uma grave crise e está fragmentada em cinco partidos, sofreu nestas eleições sua pior derrota. Alguns de seus representantes não duvidam em classificar a situação atual de "catastrófica".

A incapacidade da centro-direita de promover um candidato de peso decepcionou seus partidários e fez com que, nas eleições de ontem, a participação nos distritos eleitorais de voto tradicional conservador fosse até mais baixa que a geral.

Pela primeira vez na história pós-comunista da Bulgária, a direita moderada não terá um representante no segundo turno, o que também contribuirá para a vitória anunciada de Parvanov, que muito provavelmente será o primeiro presidente búlgaro a se reeleger.





Fonte: Terra

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