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Politica Brasil
Segunda - 23 de Outubro de 2006 às 09:07

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Investigações da Polícia Federal apontam para a empresa Vicatur Câmbio e Turismo, de Nova Iguaçu, no Rio, como a agência de onde saiu a maior parte dos US$ 248,8 mil para compra do dossiê contra tucanos.

O dinheiro faz parte do montante de R$ 1,75 milhão, apreendido com dois petistas em 15 de setembro passado, num hotel em São Paulo, destinado ao pagamento do dossiê para prejudicar candidaturas do PSDB. O município é administrado pelo prefeito Lindberg Farias, do PT.

A primeira suspeita, divulgada por fontes da Polícia Federal, era de que o dinheiro havia sido obtido numa corretora de Duque de Caxias, também na Baixada Fluminense. A Vicatur consta da lista de 30 empresas, autorizadas a operar com câmbio, identificadas pela PF no rastreamento dos dólares.

O dinheiro americano foi adquirido pelo Banco Sofisa, de São Paulo, e repassados a várias corretoras. A empresa sofrerá uma devassa na sua contabilidade e seus proprietários serão chamados a se explicar.

Inscrita no CNPJ 3029699/0001-16, a empresa tem cadastro sujo no Banco Central, onde foi denunciada pelo Ministério Público do Rio por operar com um cadastro de pessoas físicas fictícias, ou laranjas. Muitas delas eram pessoas humildes que sequer sabiam que seus nomes eram utilizados em transações financeiras, segundo a denúncia do Ministério Público. A PF vai interrogar também os compradores dos dólares na agência, única autorizada a comercializar moeda estrangeira na região.

Laranjas Os delegados da PF Diógenes Curado e Luiz Flávio Zampronha, que atuam no caso, recusaram-se a confirmar o nome da agência. O dinheiro, segundo fontes policiais, foi adquirido em lotes de valores variados por um grupo de pessoas, provavelmente da mesma família, também usadas como “laranjas”. A operação chamou a atenção das autoridades porque a família é de origem humilde e talvez sequer soubesse que seu nome foi usado no esquema.

Ao circular, o dinheiro americano deixou pistas desde que saiu da Casa da Moeda dos Estados Unidos até ser apreendido em poder dos petistas Gedimar Passos e Valdebran Padilha, num hotel de São Paulo. Peritos da PF estão cruzando dados bancários e telefônicos para fechar o cerco sobre a origem tanto dos dólares como da soma de R$ 1,16 milhão encontrada com os dois petistas.

A cidade de Nova Iguaçu se tornou um reduto petista na Baixada Fluminense, tudo por conta do carisma e da popularidade de Lindberg. O ex-líder estudantil se credenciou como o principal articulador de Lula na região.

Reais e bicho A PF criou o projeto X, que armazena informações relativas a 800 linhas, fixas e móveis, rastreadas com ordem judicial. A superintendência da PF no Rio, que na semana passada já localizou casas de jogo do bicho de onde saiu parte dos reais para a compra do dossiê Vedoin, planeja uma ofensiva para elucidar a origem do restante dos dólares.

Relatório parcial da PF aponta que a responsabilidade pela compra do dossiê contra tucanos foi do petista Jorge Lorenzetti, ex-integrante do comitê de campanha à reeleição de Lula. As investigações da PF revelaram que o chefe de gabinete do presidente Lula, Gilberto Carvalho, telefonou duas vezes para Lorenzetti, no dia da prisão dos dois petistas com R$ 1,75 milhão.

O ex-ministro da Casa Civil e deputado cassado José Dirceu também trocou telefonemas com Lorenzetti, de acordo com a quebra do sigilo telefônico feita pela PF.

Tanto Dirceu quanto Carvalho estão agora na mira da PF, que estuda chamar os dois para darem explicações. Também em razão das contradições da primeira fase do inquérito, estão listados para prestar novo depoimento Lorenzetti, Gedimar Passos e Hamilton Lacerda, ex-coordenador da campanha do senador Aloizio Mercandante em São Paulo, principal beneficiário do dossiê.

Cidade é reduto petista Nova Iguaçu tornou-se reduto petista na Baixada Fluminense depois que o ex-deputado federal Lindberg Farias (PT) foi eleito prefeito, em 2004. A prefeitura de Nova Iguaçu, que vinha sendo ocupada por políticos do PMDB, foi objeto de acirrada disputa da última eleição municipal no Rio. Com Cesar Maia (PFL) reeleito no primeiro turno na capital, a batalha política no Estado transferiu-se para a Baixada.

De olho nos três milhões de votos nos sete municípios da região, o PT decidiu investir no reduto do ex-governador Anthony Garotinho. A cidade escolhida foi Nova Iguaçu, com 830 mil habitantes e 500 mil eleitores. Lindberg, ex-líder estudantil, foi escalado para a missão, transferiu residência e título de eleitor para a cidade e venceu.

Apesar da oposição de Garotinho, Lindberg se credenciou como principal articulador do presidente Lula no Rio. Coube a ele a aproximação de governantes da região metropolitana e interior do Estado com Lula. Entre os novos aliados está Washington Reis (PMDB), prefeito de Caxias, afilhado político de Garotinho.





Fonte: Agência Estado

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