Cresce a tensão entre o Fatah e Hamas

Envolvidos em uma luta pelo poder sem resultado previsível, o presidente da Autoridade Palestina Mahmud Abbas e os islamitas do Hamas buscam fortalecer seus respectivos serviços de segurança num momento de forte tensão entre seus partidários.

Abbas decidiu unificar o comando dos serviços de segurança na Cisjordânia, enquanto que o Hamas, que controla o governo, anunciou que posicionará no mesmo território a polêmica "Força Executiva", que já funciona na Faixa de Gaza.

Os anúncios acontecem num contexto de estancamento total nas discussões para formar um governo de união nacional, o que alimenta as tensões e dá lugar a freqüentes enfrentamentos entre as duas facções rivais.

No sábado Abbas tirou da aposentadoria um homem com mão de ferro, o general Ismail Jaber, ex-colaborador do falecido líder Yasser Arafat, e o encarregou de supervisionar o conjunto dos órgãos de segurança na Cisjordânia.

"Jaber foi designado para que haja um único responsável à frente dos serviços de segurança e para uni-los", disse à AFP o porta-voz de Abbas, Nabil Abu Rudeina, que negou que a decisão estivesse relacionada com o recente anúncio do Hamas.

"É uma decisão importante num momento em que há um conflito entre o governo e a presidência", comentou um assessor de Abbas, que não quis ser identificado.

O ministro das Relações Exteriores, Mahmud Zahar, chefe do Hamas, assegurou na sexta-feira que a Força Executiva, que conta com 5.500 homens somente na Faixa de Gaza, seria mobilizada na Cisjordânia para impedir que os militantes do Fatah ataquem instituições do governo ou dirigentes do Hamas.

Zahar aludia aos violentos protestos orquestrados pelo Fatah na Cisjordânia depois dos enfrentamentos entre a Força Executiva e os serviços de segurança leais a Abbas.

O Fatah, por sua vez, prometeu impedir a mobilização da Força Executiva leal ao Hamas na Cisjordânia.