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Politica Brasil
Domingo - 22 de Outubro de 2006 às 14:25

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva já avisou aos pouquíssimos interlocutores com quem conversou sobre a composição do novo ministério, caso seja reeleito, que a Casa Civil ficará totalmente fora da interferência política. Lula julga ter acertado em cheio na escolha de Dilma Rousseff (PT) para substituir José Dirceu - que caiu em desgraça após o escândalo do mensalão - e pretende mantê-la no cargo.

Com estilo conservador, o presidente não planeja guinada nem grandes mudanças na equipe, mas sabe que terá de reduzir o espaço do PT, hoje com 15 das 34 pastas. Apesar dos rumores, Lula não deu sinais, por enquanto, de que trocará o ministro da Fazenda, Guido Mantega, nem o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles.

O deputado não reeleito Delfim Netto, hoje no PMDB, poderá ter influência ampliada no segundo governo do PT, mesmo como consultor. Lula tem simpatia por Delfim, que foi ministro da Fazenda na época do “milagre econômico” (1967-1974) e o apóia desde 2002. Mas ainda não o convocou para nenhuma missão. Já confessou, no entanto, que alguns nomes martelam na sua cabeça. Quer chamar de volta, por exemplo, o ex-ministro da Integração Nacional Ciro Gomes (PSB-CE), eleito deputado com a maior votação proporcional do País.

Integrante da tropa de choque da campanha de Lula, Ciro poderá ser “puxado” para a Saúde, hoje nas mãos de José Agenor Álvares da Silva - o ministro cujo nome o presidente nunca se lembra, quando provocado pelo adversário do PSDB, Geraldo Alckmin.

Quem estava de olho na vaga era o senador Aloizio Mercadante (PT-SP), candidato derrotado ao governo paulista. Mas Mercadante, que quase virou ministro da Fazenda, ficará de novo fora da escalação. No inferno astral, foi atingido pela crise do dossiê contra tucanos.

O presidente não esconde que considera Ciro um “curinga”. No seu diagnóstico, o deputado cearense, dono de língua afiada, tem potencial para ser deslocado para qualquer área. “Se há um aliado que eu sei que me defende é o Ciro”, diz ele.

Banho-maria A uma semana da eleição, porém, Lula pôs em banho-maria as consultas que vinha fazendo antes de estourar o escândalo do dossiê, sob o argumento de que, primeiro, precisa ganhar a disputa com Alckmin. Supersticioso, teme que a atitude possa dar azar e não quer passar a imagem de arrogância.

“Está tudo parado. Vamos esperar o resultado das urnas”, desconversa o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). De qualquer forma, a cúpula peemedebista examina nomes para compor o “governo de coalizão” proposto por Lula, já que o PMDB tende a ser o parceiro preferencial.

Numa ironia política, um antigo desafeto do presidente figura na lista dos cotados a integrar a Esplanada ou mesmo a presidir a Câmara: trata-se do deputado reeleito Geddel Vieira Lima (PMDB-BA). Inimigo do senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), Geddel aproximou-se de Jaques Wagner, então candidato do PT ao governo baiano, durante a campanha.

Seu apoio foi considerado decisivo para a eleição de Wagner. De ferrenho opositor de Lula, o deputado converteu-se em feroz aliado do Planalto. “Geddel construiu pontes e é evidente que se credenciou, mas não há nada definido, até porque o presidente não quer iniciar nenhuma conversa antes do próximo domingo”, afirma Wagner.

Ex-ministro das Relações Institucionais, o futuro governador da Bahia foi responsável pela articulação política até março. Escaldado por uma crise atrás da outra, avalia que, se Lula for reeleito, o casamento com o PMDB tem de ser “institucional”, não “aos pedaços”. Sem cerimônia, peemedebistas lembram que, para tanto, o PMDB precisará ter no mínimo quatro ministérios. Hoje, é responsável por três: Saúde, Minas e Energia e Comunicações.

Lula também quer levar personalidades sem partido, fora do mundo político, para o primeiro escalão. Considera que a experiência deu certo com o empresário Luiz Fernando Furlan no Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior e com o engenheiro agrônomo Roberto Rodrigues, que comandou a Agricultura e deixou o governo em junho.

Estrela em ascensão no PT, a ex-prefeita Marta Suplicy está cotada para Cidades, mas o ministério, hoje controlado pelo PP de Paulo Maluf, também é alvo da cobiça do PMDB. Depois de ter sido preterida por Lula, que apoiou a candidatura de Mercadante ao governo, Marta protagoniza, hoje, movimento inverso: no segundo turno, assumiu a coordenação da campanha do presidente.

O ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, avisou Lula que não pretende ficar em Brasília a partir de 2007. Até agora, o presidente tenta demovê-lo da idéia. Se não conseguir, existe um candidato na fila: o ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) Nelson Jobim, que foi titular da Justiça no governo de Fernando Henrique Cardoso. Filiado ao PMDB, Jobim gostaria de ir para a Casa Civil. Essa cadeira, porém, é de Dilma, a gerente do governo. E dela Lula não abre mão.





Fonte: Agência Estado

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