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Cultura
Sexta - 20 de Outubro de 2006 às 13:24

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Steve Fossett é famoso por seus recordes de circunavegação do globo em avião e balão, mas um dos seus momentos mais difíceis foi quando teve que morder um cachorro durante uma corrida de trenó no gelo.

Em sua autobiografia, Chasing the Wind ("perseguindo o vento"), Fossett conta que, durante uma corrida de trenós na trilha Iditarod, no Alasca, Gus, o cão que liderava a matilha, não queria se mexer, exausto depois de dias de caminhada sobre gelo e neve.

Desesperado para completar a prova, Fossett ficou de quatro, olhou nos olhos do cão e o mordeu na orelha direita, com força suficiente para que o recalcitrante canino soubesse quem mandava ali.

"Estava 40 graus abaixo de zero, e eles não queriam trabalhar, e eu não aceitaria isso como resposta", disse Fossett, com sua voz macia, à Reuters, explicando que nunca havia tido bichos até então, mas sabia "desse truque".

"Os cães entendem brigas de cães, então se você conseguir dar a impressão de quem é realmente o chefe isso ajuda, como 'eu sou o cão-alfa'", afirmou.

O californiano de 62 anos é mais conhecido por ter sido a primeira pessoa a voar sozinha ao redor do mundo em um balão, em 2002, e em um avião, em 2005. Ele estabeleceu 115 recordes mundiais em balões, aviões, barcos a vela, planadores e dirigíveis, todos eles esportes que dependem do vento, daí o nome do livro.

O livro detalha as primeiras aventuras de Fossett como alpinista ¿ ele já escalou mais de 400 montanhas, inclusive algumas das mais altas do mundo ¿ e sua travessia a nado do canal da Mancha, antes de decidir levar a sério a busca pelos recordes mundiais.

Mas ele também passou anos ganhando milhões no mercado financeiro e dirigindo sua própria empresa, uma experiência que ele considera ter sido útil em muitas das suas aventuras.

"Limitar o risco era parte do meu histórico, assim como a pressão de as coisas darem errado. Aprendi que, se você tem um bom plano de jogo, a probabilidade está a seu favor."

Após chegar ao topo do universo financeiro, Fossett percebeu que queria ser um aventureiro em tempo integral. "Fiquei cada vez mais ciente de que não precisava simplesmente continuar a fazer dinheiro", afirmou. "Todo mundo tem de avaliar quais são suas motivações, e acho que muita gente busca os negócios mais do que precisaria."

Há aspectos ainda mais surpreendentes do livro, em que ele detalha sua natureza cautelosa e as várias tentativas mal-sucedidas de quebrar recordes.

Ele fracassou três vezes na travessia do canal da Mancha, e quando conseguiu fez o pior tempo daquele ano entre todos os nadadores. Para circunavegar o globo em um balão, foram seis tentativas.

E muitas vezes as pessoas ficam pasmas com seu aspecto tão comum. "É verdade que sou normal em meu comportamento e nas minhas habilidades, realmente não há brilho nem talento", disse. "Mas uma coisa diferente em mim é a aspiração."

Fossett nem cogita parar com suas aventuras. A próxima será dirigir um veículo a jato no deserto de Nevada a quase 1.300 quilômetros por hora.

A autobiografia saiu neste mês pela editora Virgin Books.





Fonte: Reuters

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