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Nacional
Quarta - 18 de Outubro de 2006 às 16:41

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O Ministério Público do Trabalho deu prazo de dez dias para que a Infraero e o Ministério da Aeronáutica se manifestem sobre denúncias de sobrecarga de trabalho dos controladores de vôo, principalmente no que diz respeito ao descumprimento do intervalo entre as jornadas e a dificuldade na obtenção de folgas, o que caracteriza uma carga excessiva para a categoria, colocando em risco os usuários.

Relatos de operadores de vôo civis e militares, que trabalham nas torres de controle dos aeroportos, chegaram às mãos do procurador Fábio de Assis Fernandes, responsável pela instauração da investigação. Segundo ele, o acidente que envolveu o jato Legacy da Embraer e o Boeing 737-800 da Gol, que terminou com a morte de 154 pessoas, trouxe o assunto - que já era conhecido - à tona.

"Vamos aguardar a resposta da Infraero e do Ministério da Aeronáutica para que possamos tomar as medidas cabíveis", disse Fernandes. Os dois órgãos se comprometeram a repassar todas as informações que se façam necessárias ao procurador.

Segundo ele, um dos pontos principais, que deve passar por fiscalização, é saber se a quantidade de operadores de vôo é suficiente para a quantidade de aviões que circula diariamente no espaço aéreo brasileiro.

"Os relatos que recebemos é que esse número é reduzido e que o excesso nas jornadas de trabalho aumentam significativamente o risco de erro humano. Caso sejam constatadas irregularidades, será aberto inquérito, que tem prazo de duração de até seis meses. A partir daí é dado um prazo para que as irregularidades sejam sanadas."

Em um manifesto divulgado recentemente, os controladores de vôo também se queixam do estresse no trabalho. "Por vezes, alguns controlares, em pleno serviço, chegam a se degladiar, dado o conjunto de funções sobrepostas àquelas relacionadas com as operações", diz o documento que está em poder da Justiça.

Jorge Botelho, presidente do Sindicato Nacional dos Trabalhadores de Proteção ao Vôo, diz que o atual número de trabalhadores não é o ideal, mas o maior problema está na escala de trabalho. A categoria tem hoje cerca de 3,5 mil trabalhadores, dos quais aproximadamente 2,7 mil são militares.

"Há controladores de vôo civis e militares. Os civis, em 90% dos casos têm um segundo emprego. No caso dos militares, eles precisam cumprir outras obrigações da carreira e também têm um tempo reduzido de descanso", diz ele.

De acordo com o presidente, um controlador de vôo executa a sua função em uma jornada de seis a oito horas por dia. "O problema é que as escalas acabam reduzindo muito o tempo de descanso. Às vezes, o controlador deixa o posto por volta da meia-noite e no dia seguinte tem de estar no trabalho antes do meio-dia.

Botelho conta que conta que há controladores que além da jornada em seu posto de trabalho, ainda encaram outras tão pesadas quanto. "Já tivemos notícias de caso de controlador de vôo que exercia a função de motorista de ônibus para aumentar o seu ganho", disse.

Segundo o sindicato, um controlador de vôo civil e iniciante ganha hoje em torno de R$ 1.300 e tem poucas oportunidades de ascensão na carreira. Entre os militares o salário é um pouco maior, mas um controlador experiente tem um salário que não ultrapassa R$ 3 mil.

De acordo com um estudo realizado na USP (Universidade de São Paulo), o controlador de vôo está submetido a uma grande carga de estresse, turnos alternados de trabalho e ruídos constantes, o que provoca um desgaste físico elevado e um distanciamento da família.

Segundo o trabalho realizado pela pesquisadora Rita de Cássia Araújo, essa condição de trabalho provoca alterações no sono e distúrbios psicológicos.

Dados da Organização da Aviação Civil Internacional mostram que um controlador não deve ter mais de seis aviões na tela do radar sobre sua responsabilidade. Porém, em horários de pico, há relatos de que esse número chegue a 15 nos principais aeroportos brasileiros.





Fonte: terra

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