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Politica Brasil
Domingo - 15 de Outubro de 2006 às 13:33

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A nova frente de batalha entre governo e oposição --a discussão sobre ajuste fiscal-- ocupou a agenda da equipe econômica nos últimos dias e ainda promete render novos capítulos até as eleições. O ministro Guido Mantega (Fazenda) diz que está "estudando com mais profundidade" o ajuste feito nas finanças de São Paulo, o que inclui o período de governo de Geraldo Alckmin, candidato à Presidência pelo PSDB.

Com trabalho dobrado e de olho na disputa eleitoral, faltou tempo para Mantega fechar com sua equipe a proposta de reforma tributária que deverá servir de base para o governo a partir de 2007, no caso de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ser reeleito. Por causa disso, a reunião da Câmara de Política Econômica, onde o projeto seria apresentado ao presidente e demais ministros, foi adiada para a semana que vem.

A análise do ajuste fiscal no governo de São Paulo, segundo a Folha apurou, mobilizou boa parte dos técnicos do ministério esta semana que ficaram encarregados de subsidiar o presidente Lula para os próximos debates com Alckmin. Até então, eles concentravam esforços em comparar a gestão Lula com a de FHC.

Na semana anterior, o secretário de Política Econômica, Júlio Sérgio Gomes de Almeida, havia entregue a Mantega um amplo panorama da carga tributária no país.

Na semana passada, as propostas do economista e colunista da Folha Yoshiaki Nakano --um dos formuladores do programa de governo tucano-- de reduzir os gastos públicos num montante equivalente a 3% da produção nacional (PIB), diminuir os juros, desvalorizar o real e manter a inflação entre 2% e 4% ao ano deram combustível para o embate e puxaram as discussões para São Paulo.

"A gente tem que analisar porque, afinal de contas, temos que fazer comparações de desempenho. Se não, fica só no: vou fazer isso, prometo isso ou aquilo", argumentou Mantega, quando questionado porque estava estudando com mais profundidade o ajuste fiscal feito em São Paulo.

"Tem que basear as análises em coisas concretas que alguém fez. Como todos já fomos governo temos que comparar um governo com outro. Isso é salutar", disse. Para ele, a única maneira de dar credibilidade às propostas que são feitas durante a campanha é avaliar as gestões. "Então vamos comparar quem fez e quem não fez."

Crítico das sugestões de Nakano, Mantega considera que a proposta de cortar os gastos públicos em 3% do PIB exigiria redução brutal de investimentos e programas sociais.

As declarações do economista ligado ao PSDB geraram críticas de analistas e causaram irritações de todos os lados.

O candidato Geraldo Alckimin desautorizou publicamente Nakano. No mercado financeiro, a alta cúpula do ABN Amro repreendeu o economista-chefe da instituição Alexandre Schwartsman, também colunista da Folha.

Ex-diretor da área internacional do Banco Central, Schwartsman desqualificou as idéias do economista tucano em relatório divulgado para clientes do banco, dando fôlego a um bate-boca com Nakano.

Em texto de oito parágrafos, Schwartsman rebate as propostas do economista. Ele afirma, por exemplo, que somente "com intervenção divina" é possível ter taxa de juros consistente com determinado patamar de câmbio e também compatível com a inflação dentro da meta estabelecida.

A direção do ABN Amro considerou que o economista foi "desrespeitoso" com Nakano e expôs a imagem do banco, que não estaria preocupado em defender ou criticar a posição econômica de nenhum dos candidatos e, sim, "atuar comercialmente". Segundo a Folha apurou, Schwartsman foi repreendido e deverá evitar emitir opiniões que causem constrangimentos ao banco.





Fonte: 24HorasNews

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