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Nacional
Sábado - 14 de Outubro de 2006 às 10:14

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O empresário Valdebran Carlos Padilha afirmou que sua tarefa na negociação para a suposta compra do dossiê contra candidatos tucanos era somente "acompanhar a entrega de documentos e se certificar da existência do dinheiro para pagamento do material".

Padilha entregou ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) sua defesa no processo que investiga as denúncias de crime eleitoral contra o PT, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, candidato à reeleição, membros do governo e do partido por conta do dossiê contra candidatos tucanos. A investigação foi aberta com base em denúncia do PSDB e PFL.

Em sua defesa, Padilha argumenta que não praticou nenhum ato que possa ser considerado abuso de poder político e econômico. Ele afirma também que, embora filiado ao PT, nunca participou da campanha federal, não conhecia as lideranças do partido, nada sabe sobre a origem dos R$ 1,7 milhão apreendidos pela Polícia Federal com ele e Gedimar Passos em um hotel em São Paulo e também que não sabe se a origem do dinheiro seria lícita ou ilícita. Padilha também alega em sua defesa que não seria beneficiado nem remunerado pela participação na operação.

Padilha e Passos foram presos em flagrante pela PF em 15 de setembro em São Paulo. Junto com os dois, a PF apreendeu US$ 248,8 mil e R$ 1,168 milhão, que supostamente seriam utilizados na compra de um dossiê com informações que implicariam na suposta ligação de José Serra (PSDB), governador eleito de São Paulo, como a máfia dos sanguessugas, esquema liderado pela Planam para superfaturar a venda de ambulâncias ao governo federal que contava com emendas parlamentares ao orçamento da União.

Padilha afirma na defesa encaminhada ao TSE que Luiz Antônio Vedoin e Darci Vedoin, donos da Planam, teriam negociado exclusividade com membros do PT na divulgação de imagens e documentos nos quais Serra, na época que era ministro da Saúde do governo de Fernando Henrique Cardoso, aparecia entregando ambulâncias em evento no Mato Grosso juntamente com a presença de políticos envolvidos no escândalo das sanguessugas.

Em sua defesa, Padilha afirma que "por ser pessoa de confiança dos Vedoin, conhecido na sociedade de Cuiabá e filiado ao PT", foi procurado por Luiz Antônio e este teria lhe informado que pessoas ligadas ao PT o procurariam para tratar de ajuda econômica e jurídica a serem prestadas à família Vedoin por conta de dificuldades financeiras face ao bloqueio dos bens da Planam em decorrência das acusações do escândalo dos sanguessugas.

Padilha afirma também que mantém "relacionamento amistoso com Luiz Antônio Vedoin e familiares", em razão de atividades sociais e comerciais que exercem.

Segundo Padilha, a solicitação de Luiz Antônio soou como um "pedido de ajuda", já que sua participação seria apenas "acompanhar uma negociação", na qual os Vedoin apresentariam documentos que seriam de interesse do PT.

Ele afirma em sua defesa ao TSE que, no início dos contatos, havia um critério que todo e qualquer documento apresentado ao PT deveria ser "primeiramente protocolado na Justiça Federal", sob pena de revogação do benefício de delação premiada de Luiz Antônio Vedoin.

Segundo ele, o valor combinado inicialmente com os Vedoin --R$ 2 milhões-- seria entregue por interlocutores do PT a uma terceira pessoa indicada pelos Vedoin. Padilha afirma também que sua função seria somente verificar se Passos "teria o numerário que havia combinado com os Vedoin para receber o material privilegiado."

Padilha afirmou ainda que em nenhum momento seria tarefa sua "negociar valores, qualidade do material a ser entregue, local de negociação ou qualquer outra ação que não aquela de acompanhar" o que havia sido combinado entre os interlocutores do PT e os Vedoin.

De acordo com a defesa apresentada ao TSE, Padilha relata também que, com o objetivo de acompanhar a negociação, ele chegou a participar de reuniões, em Cuiabá e em Brasília, com Passos, Expedito Afonso Veloso e Darci Vedoin. Veloso era diretor do Banco do Brasil e também está envolvido na negociação para a suposta compra do dossiê contra os tucanos. Padilha nega, em sua defesa, que conhecia Veloso, Passos.

Negociação

Padilha afirma também que no dia 12 de setembro, em Cuiabá, teria recebido um telefonema no qual era informado que Veloso e Osvaldo Bargas, chefe-de-gabinete do Ministério do Trabalho e coordenador do FNT (Fórum Nacional do Trabalho), estariam na capital do Mato Grosso para uma reunão com os Vedoin com o objetivo de examinarem o material do dossiê.

Sobre seu encontro com Passos em São Paulo, Padilha afirma que Passos teria lhe informado que não tinha nenhum dinheiro. Padilha teria se contrariado por permanecer mais um dia em São Paulo e que uma pessoa chamada "Jorge" teria lhe incentivado a permanecer na capital paulista para aguardar o dinheiro.

Padilha afirma que este mesmo "Jorge" o teria convencido a ficar com R$ 1 milhão que já havia sido entregue a Passos como garantia de que tudo iria acontecer rapidamente. Segundo ele, após telefonema dos Vedoin, ele recebeu um pedido para que esperasse no hotel Ibis até o dia seguinte, quando acabou preso pela PF.

A defesa de Padilha alega que sua conduta não representaria ilícito penal nem violaria a legislação eleitoral, por isto pede a improcedência das denúncias contra ele no TSE.





Fonte: Folha de S. Paulo

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