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Internacional
Quinta - 12 de Outubro de 2006 às 16:10

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O Conselho de Segurança da ONU retomou nesta quinta-feira os debates sobre sanções a serem aprovadas contra a Coréia do Norte, em meio à confirmação, pela China, do desejo de uma punição para o aliado mas "de forma apropriada", não muito severa.

O embaixador dos Estados Unidos, John Bolton, submeteu aos 14 colegas uma emenda ao projeto de resolução destinado a conseguir uma sanção contra Pyongyang, esperando que seja votado nesta sexta-feira.

Mas os embaixadores chinês e russo, Wang Guangya e Vitaly Tchourkine, emitiram dúvidas sobre o assunto, demonstrando a persistência de divergências sobre vários aspectos do texto.

"Toda medida ou ação deverá beneficiar a solução da crise nuclear na península coreana por intermédio de meios pacíficos e do diálogo", declarou Liu Jianchao, porta-voz do ministério das Relações Exteriores chinês.

Esta declaração aconteceu pouco depois da viagem em direção a Washington e Moscou de um emissário do presidente chinês Hu Jintao.

Ao mesmo tempo, o Parlamento sul-coreano aprovou uma resolução apelando o governo a tomar medidas "severas e sistemáticas" contra a Coréia do Norte, num momento em que Pyongyang renovava sua ameaça de "represálias", principalmente em relação ao Japão, em caso de sanções unilaterais.

O exército sul-coreano adapta suas capacidades de reação à ameaça de uma guerra nuclear, depois do teste da primeira bomba atômica reivindicada nesta segunda-feira pela Coréia do Norte, segundo fontes oficiais.

"A situação mudou. É totalmente natural verificar o estado de preparação de nosso exército em função deste entorno modificado", declarou o porta-voz do Estado-Maior.

"Preparamos diferentes relatórios desde o anúncio do teste nuclear da Coréia do Norte. Os detalhes são confidenciais", acrescentou o porta-voz.

A agência de imprensa sul-coreana Yonhap, citando fontes militares, disse na quarta-feira que o Estado Maior havia sugerido ao Ministério de Defesa rever os planos de urgência e se assegurar que Seul dispõe de um arsenal capaz de destruir o armamento norte-coreano suscetível de transportar uma carga nuclear.

Elaborados em 2002, os planos de ação de americanos e sul-coreanos são destinados a enfrentar uma invasão do exército norte-coreano, que conta com 1,2 milhão de soldados. A China, vizinha da Coréia do Norte, não detectou qualquer efeito radioativo após o anúncio de Pyonyang de que havia realizado seu primeiro teste nuclear, informou nesta quinta-feira o porta-voz da chancelaria chinesa.

"Até agora, não encontramos qualquer efeito radioativo proveniente de um teste nuclear", declarou Liu Jianchao à imprensa.

As autoridades da Coréia do Sul também anunciaram na quinta-feira que não haviam detectado qualquer radioatividade anormal.

Em Nova York, intensas negociações mantidas até a noite de quarta-feira sobre o projeto de resolução, entre os cinco "Grandes" do Conselho (China, Estados Unidos, França, Grã-Bretanha, Rússia) e o Japão, não permitiram aplainar divergências, principalmente sobre aextensão do domínio jurídico da resolução e sobre o campo de sanções a serem impostas à Coréia do Norte.

A emenda ao texto está de acordo com o Capítulo VII da Carta da ONU, que dá ao Conselho amplos poderes de ação, aí compreendidos os militares. Os Estados Unidos, assim como várias outras delegações, insistem sobre este ponto.

A comunidade internacional deve dar uma resposta "firme, vigorosa, porém apropriada" ao anúncio de um teste nuclear pela Coréia do Norte, reiterou nesta quinta-feira o embaixador da China na ONU, Wang Guangya, num momento em que as discussões eram retomadas no Conselho de Segurança.

Sempre classificando este teste nuclear efetuado por Pyongyang de "ato irresponsável" que deve "ser condenado", Wang afirmou que o Conselho deveria responder "com responsabilidade".

A resposta deve ser "firme, vigorosa, porém apropriada. Quando digo apropriada, quero dizer que deve refletir o sentimento da comunidade internacional e também ajudar a encontrar uma solução para os meios pacíficos e criar as condições para que as partes se engajem novamente nas negociações", disse.

O diplomata chinês concedeu declarações à imprensa antes de entrar no Conselho para as reuniões destinadas a elaborar uma nova versão de um projeto de resolução americano visando a punir a Coréia do Norte.

Seu colega americano, John Bolton, declarou que este texto seria discutido entre os quinze membros do Conselho, manifestando a esperança de que as negociações possam ser concluídas na sexta-feira.

Mas Wang e seu colega russo, Vitaly Tchourkine, expressaram dúvidas a respeito da possibilidade de um acordo na sexta-feira.

"Não estou certo" (de um acordo na sexta-feira), disse Wang. "Há pontos de acordo, mas há ainda algumas divergências", acrescentou. Ele levou a entender que um destes pontos divergentes é que a nova versão modificada do texto ainda seja baseada no Capítulo VII da Carta da ONU, que concede ao Conselho plenos poderes de ação, inclusive militares.





Fonte: AFP

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