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Nacional
Quarta - 04 de Outubro de 2006 às 02:21

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A expectativa pelo apoio do PDT de Cristovam Buarque à candidatura de Geraldo Alckmin (PSDB) é cada vez maior entre os tucanos. Nesta terça-feira, o presidente do PDT, Carlos Lupi, conversou com Alckmin e o senador Jefferson Peres (PDT-AM), candidato a vice na chapa de Cristovam, defendeu o apoio ao tucano.

A legenda deve indicar na próxima quinta-feira, em reunião no Rio de Janeiro, para que lado irá pender. Se o apoio aos tucanos foi selado na conversa entre Lupi e Alckmin nesta tarde, a decisão ainda está sob sigilo.

"Acho que está sacramentado", afirmou um coordenador da campanha de Alckmin, sob condição de anonimato.

"Vamos ter uma eleição aritmeticamente muito apertada, e o PDT pode fazer a diferença", avaliou o senador Jefferson Peres (PDT-AM).

"Supondo-se que boa parte dos votos de Cristovam vá para Geraldo Alckmin, com possibilidade de conquistar votos brancos e nulos, será uma eleição decidida no olho eletrônico, como quando os cavalos empatam a olho nu e é preciso recorrer ao tira-teima da TV na linha de chegada", comparou Peres.

As duas campanhas nacionais à Presidência da República querem usar Cristovam Buarque (PDT) como o "nariz do cavalo" que decidirá a eleição.

São 2,5 milhões de votos nacionais cobiçados pelo PT e pelo PSDB, a maior parte deles distribuída entre São Paulo (385.119), Rio de Janeiro (372.370) e Minas Gerais (272.152), e dois palanques eleitorais, Maranhão e Paraná, onde o PDT disputa o governo local.

Cristovam, o "candidato de uma nota só", como ficou conhecido, carrega o símbolo forte da educação.

Por esses motivos, tanto governo quanto oposição se engalfinham por essa reserva eleitoral e acham, diante do resultado apertado de 7 pontos percentuais entre Alckmin e Lula, que este apoio pode decidir a eleição.

PSDB e PFL consideram ter vantagem nesse jogo, sobretudo porque acham que Cristovam foi maltratado por Lula. Escolhido ministro da Educação no governo atual, ele foi demitido pelo presidente por telefone.

Divisão do PDT

Qualquer que seja a decisão, o partido sairá dividido. "Tem resistência (a Alckmin), mas é pior para o PDT não apoiar nenhum. Tem que recomendar", defendeu Peres. "Pela nossa história, tenderíamos para uma aliança com Lula, mas foram tão graves os desvios deste governo que isso criou um fosso muito grande", acrescentou.

"O que deve prevalecer", pergunta ele, "os laços históricos ou a proximidade com a ética e o republicanismo?".

Lideranças políticas avaliam que a declaração de voto tem valor importante, mas nunca é integralmente seguida, nem pelos integrantes do partido nem pelos eleitores.

"O problema do PDT é ser simultaneamente contra a política neoliberal e contra a corrupção no governo Lula. Acho que eles devem ir divididos. Nunca vai o partido inteiro, nem os eleitores", afirmou o deputado Fernando Gabeira (PV-RJ), reeleito com número expressivo de votos e, por isso, também assediado por governo e oposição.

O PDT disputa hoje dois Estados importantes do país. No Maranhão, com 3,9 milhões de eleitores, Jackson Lago foi para o segundo turno com cerca de 34 por cento dos votos, contra a senadora do PFL, Roseana Sarney, com 47 por cento. Neste Estado, a costura política para Alckmin é mais complicada, pois a senadora é de um partido de sua coligação, mas pede votos a Lula, que levou 75 por cento dos votos.

No Paraná, com 7,1 milhões de eleitores, Osmar Dias foi para o segundo turno com 38 por cento, ante os 42 por cento dados ao governador Roberto Requião (PMDB), que tenta se reeleger. Dias tem chances de agregar mais alianças locais e é irmão de um tucano, o senador Álvaro Dias. No Estado, Alckmin venceu com mais de 53 por cento dos votos, contra cerca de 38 por cento para Lula.

"Não sei se nosso apoio muda alguma coisa. Além do mais, a decisão que a gente tomar não tem que ser seguida por todos nós do partido nem acompanhada por nossos eleitores", argumentou Cristovam.

O PDT irá submeter aos dois lados uma lista de propostas mínimas como condição para bater o martelo na aliança.

Cristovam não conquistou somente os votos de pedetistas. Ele concentrou parcela importante de votos de protesto. Como a senadora Heloísa Helena (PSOL-AL) não declarou votos nem a Alckmin nem a Lula, o peso do pedetista ganhou dimensão maior.




Fonte: Reuters

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