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Cultura
Segunda - 02 de Outubro de 2006 às 16:55

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Em 19 de maio, o quarto dos seis shows feitos por Gal Costa em minitemporada na casa americana Blue Note - um dos templos do jazz em Nova York - foi gravado pelo selo DRG. O registro ao vivo pode ser ouvido no CD Live at the Blue Note, recém-lançado nos Estados Unidos, Europa e Japão, onde a cantora acaba de fazer temporada no Blue Note de Tóquio. Por ora, a gravadora de Gal no Brasil, a Trama, não tem planos de editar o disco no mercado nacional. Mas os fãs da artista podem comprar o

O repertório é focado em standards associados à bossa nova - não por acaso, Tom Jobim é o compositor predominante no repertório - e em antigos sambas-canções. A rigor, há apenas uma música inédita na voz de Gal, I Fall in Love Too Easily, composta por Sam Cahn e Jules Styne para a trilha do filme Marujos do Amor, de 1945, e gravada por nomes como Frank Sinatra e Chet Baker, cujo repertório será o mote do próximo disco de estúdio da cantora. O standard americano ganhou batida suave no registro de Gal, que conversa com a platéia entre alguns dos 17 números.

O ineditismo de Live at the Blue Note está mais no fato de Gal cantar acompanhada por quarteto à moda dos pequenos grupos de jazz. Se Desafinado e Chega de Saudade soam estranhas, como se reclamassem a ausência da batida diferente de João Gilberto, Triste ganha suingue ultimamente bissexto no canto de Gal.

Bossas à parte, o andamento de músicas como Ave Maria no Morro é o do samba-canção em voga nos anos 40 e 50. E vale ressaltar a alta voltagem emocional da interpretação de Pra Machucar meu Coração, de Ary Barroso, de quem Gal grava também Camisa Amarela (cheia de ginga) e Aquarela do Brasil (em ritmo ligeiramente mais acelerado do que o habitual). Outro destaque é o arranjo mais arrojado de Nada Além, calcado no baixo. O número é herança do CD/show Todas as Coisas e Eu - assim como o medley que junta Sábado em Copacabana e Copacabana.

Com sua voz cristalina geralmente em primeiro plano, e em forma, Gal desfia temas como Fotografia, Corcovado, Wave e A Felicidade. Ou seja, de certa forma, Live at the Blue Note é quase um segundo volume de Gal Costa Canta Tom Jobim, o duplo álbum ao vivo de 2000. É que a obra genial do maestro soberano ainda é o passaporte mais rápido para fazer uma cantora brasileira atravessar fronteiras com êxito.

Gal tem cacife para investir mais em carreira internacional. Seu canto técnico é mais global do que o mundo dramático de Maria Bethânia, por exemplo. Mesmo com baixo teor de novidade para ouvidos brasileiros, Live at the Blue Note confirma o tom universal de Gal Costa.





Fonte: O Dia

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