Repórter News - www.reporternews.com.br
Economia
Segunda - 02 de Outubro de 2006 às 15:25
Por: João Carlos M. Caldeira

    Imprimir


Existe uma profunda mudança em curso, nos hábitos de consumo dos combustíveis destinados ao agronegócio em Mato Grosso, quase silenciosa, mas que já produz estragos financeiros em toda a população.

Explico! O segmento de combustível é responsável por quase um quarto (24%) da arrecadação do ICMS estadual e somente neste ano, até o mês de Julho, a Secretaria de Estado de Fazenda – Sefaz, deixou de arrecadar quase 100 milhões de reais.

Foram 100 milhões de reais a menos para construir estradas, casas, postos de saúde etc, somente em 6 meses.

A queda se deve basicamente a redução no consumo de óleo diesel por parte do agronegócio (preparação do solo, colheita e transporte de produtos) e do setor madeireiro (redução do desmatamento e do beneficiamento da madeira).

Os empresários rurais e as empresas ligadas ao setor enfrentam uma crise desde o 2º semestre de 2005 e que ainda deve se estender por 2007. Não vou entrar no mérito das causas (dólar, juros, falta de crédito, política econômica, etc...), pois acho que é ¨chover no molhado¨, o que interessa é que estão diminuindo as áreas plantadas e buscando reduzir seus custos de produção.

Desde o ano passado, diversos produtores rurais estão utilizando o óleo de soja bruto misturado ao metanol, ao etanol ao próprio óleo diesel, para reduzir suas despesas. Em várias fazendas, utilizam até o óleo de soja puro, sem adição de outros combustíveis, para movimentar seus tratores, colheitadeiras, máquinas e caminhões.

Na prática, os empresários do setor rural estão produzindo um ¨biodiesel caipira¨, de forma quase artesanal, sem grandes preocupações com a composição do produto ou com o que poderá gerar de despesas de manutenção no futuro. Mas que futuro? Estão tentando sobreviver!

Segundo dados da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis – ANP, a redução do consumo de óleo diesel em nosso estado, por conta da utilização do Biodiesel (ou qualquer outro nome que se dê à mistura), já ultrapassa os 20%.

Na prática, ninguém precisa ser economista para verificar que a redução dos custos e as vantagens econômicas da utilização do biodiesel se dão por conta da ausência de tributação. Não existe legislação fiscal específica sobre o ¨novo¨combustível utilizado para consumo da classe produtora.

Se houvesse (na remota hipótese) uma isenção na tributação do óleo diesel, todas as vantagens econômicas (sem levar em conta as ambientais e de geração de emprego e renda) desapareceriam, pois o óleo diesel sem impostos não custa mais que 90 centavos por litro.

De acordo com números da Associação dos Produtores de Soja – Aprosoja, a estimativa média de consumo de combustível na produção rural é de 30 a 50 litros por hectare a cada safra, gerando uma redução no custo final de produção de até 35% na utilização do biodiesel alternativo.

Já existem na região de Sorriso, 6 fábricas do biodiesel alternativo que abastecem o mercado local e estimativas do segmento prevêem que esse número deve triplicar até 2007.

Pouco importa se o biodiesel é caipira, alternativo ou industrial, o que importa é que é um novo combustível, limpo, renovável e que pode impulsionar a economia de Mato Grosso num curto espaço de tempo, seja através da agricultura familiar, seja através do investimento em grandes indústrias.

É uma aposta no futuro, em nosso futuro!





Comentários

Deixe seu Comentário

URL Fonte: https://www.reporternews.com.br/noticia/271714/visualizar/