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Politica Brasil
Segunda - 02 de Outubro de 2006 às 00:39

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Corrige no último parágrafo do segundo bloco para "disse o coordenador", em lugar de "disse o ministro". A declaração foi dada por um coordenador da campanha que pediu para não ser identificado. Por Ricardo Amaral

BRASÍLIA (Reuters) - É Lula, de novo no segundo turno, por uma estreita margem de votos, definida pelo eleitorado de São de Paulo. Ao contrário de 2002, quando Luiz Inácio Lula da Silva também bateu na trave antes de vencer José Serra, desta vez o candidato-presidente foi surpreendido pelo crescimento do tucano Geraldo Alckmin na reta final.



Lula acompanhou a longa apuração das eleições deste domingo, no Palácio da Alvorada, tentando improvisar uma estratégia para a próxima etapa, que não estava nos planos e começou a se desenhar há apenas duas semanas. Um dos coordenadores políticos da campanha de Lula projetava, no início da noite, um cenário de disputa "mais ideológico" e também mais semelhante ao das recentes eleições em países da América do Sul.



"Um quadro Lula versus Alckmin vai realçar o contraste entre o projeto neoliberal e o projeto alternativo, de crescimento com distribuição de renda", disse a fonte, reconhecendo, no entanto, que a campanha não tinha um plano de vôo.

"Em caso de segundo turno, vamos buscar o apoio do PDT e dos partidos que apoiaram Heloísa Helena", disse a fonte. "Boa parte dos eleitores de Heloísa é de esquerda e não seguirá com os tucanos", acrescentou.

A campanha de Lula também deve buscar uma sintonia maior com o PMDB, que vai disputar o segundo turno em pelo menos três colégios eleitorais, Rio de Janeiro, Paraná e Paraíba.

"ACERTO DE CONTAS"

Dentro da campanha há o temor de que os primeiros momentos de frustração sejam ocupados por um acerto interno de contas. No círculo político de Lula há queixas em relação ao boicote do candidato ao debate da TV Globo, uma decisão assumida solitariamente por Lula.

"Nossa militância foi forjada na luta política e não compreendeu a ausência de Lula ao debate. Teremos prejuízo eleitoral e político com isso, mas foi uma decisão dele", lamentava um dirigente petista ligado ao setor de mobilização da campanha.

No discurso oficial, o revés deste domingo está sendo debitado aos petistas "aloprados", na definição de Lula, que tentaram comprar um "dossiê dos sanguessugas" e foram presos com o equivalente a 1,7 milhão de reais. E também à "superexposição pela imprensa", segundo o ministro Guido Mantega, das fotos do dinheiro apreendido na apelidada "Operação Tabajara."

"Houve uma operação política e de mídia nas últimas semanas que prejudicou a candidatura", disse o coordenador ouvido pela Reuters, antecipando parte do discurso da campanha para o que se prevê seja um longo mês de outubro.

BATALHA JUDICIAL

Num sinal pouco percebido de que alguns lulistas enxergavam o segundo turno no horizonte, a área jurídica da campanha apresentou sábado, ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), duas ações de impugnação contra Alckmin, uma delas alegando abuso na divulgação das fotos do dinheiro apreendido com petistas que tentavam comprar o dossiê dos sanguessugas.

"Temos de preparar o terreno para a batalha jurídica se houver mesmo segundo turno", disse um dos advogados da coligação "A Força do Povo" (PT-PcdoB-PRB), depois de protocolar as ações no TSE.

Embora o presidente-candidato tenha afirmado, pelo menos uma vez por dia nas últimas semanas, que seria reeleito neste domingo, os responsáveis pela campanha davam sinais de desânimo desde sexta-feira, um dia depois do debate na TV Globo que Lula decidiu boicotar.

Ao contrário de outras eleições, o PT não fez preparativos para comemorar o resultado na avenida Paulista, onde Lula festejou, com uma multidão de militantes e eleitores, a vitória sobre José Serra em 2002.

"Se der segundo turno, a Paulista vai ser deles (tucanos)," lamentava no início da tarde Mercutio Bolla, militante histórico do PT de São Paulo.

"OLHO MECÂNICO"

A última pesquisa preparada pelo instituto Vox Populi, que circulou na noite de sábado entre os militantes da campanha, indicava Lula com 47 por cento dos votos válidos, contra 44 porcento dos adversários.

Outro levantamento, mais preciso, que circulou apenas no comando petista, indicava uma margem mais estreita, de apenas dois pontos.

"A eleição vai ser decidida no olho mecânico", avisou o analista Marcos Coimbra aos chefes da campanha, alertando que não era mais possível garantir a reeleição no domingo.

Lula chamou ao Alvorada os ministros da coordenação política para discutir o formato e o conteúdo do pronunciamento que deveria fazer depois de definido o resultado. Como presidente, em caso de vitória, ou como candidato, caso se confirmasse o segundo turno.

Havia uma preocupação entre os ministros e coordenadores de campanha de não deixar que o resultado deste domingo fosse apresentado aos eleitores como uma vitória da oposição.

Às 23h15, quando os resultados de São Paulo desequilibraram a totalizarão do TSE, contra Lula, o presidente dispensou os auxiliares. Lula ficou recolhido e não fez pronunciamento nenhum. Nem de presidente nem de candidato.




Fonte: Reuters

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