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Politica Brasil
Sábado - 30 de Setembro de 2006 às 09:27

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Em um depoimento de cinco horas ontem na superintendência da Polícia Federal em São Paulo, Hamilton Lacerda, ex-coordenador da campanha de Aloizio Mercadante (PT) e assessor parlamentar do senador, declarou que o dossiê contra tucanos poderia ser usado nas campanhas de Lula e de outros petistas nos Estados.

A informação partiu de seu advogado, Alberto Zacarias Toron. Foi a primeira vez que um dos envolvidos no escândalo do dossiê admitiu abertamente o uso eleitoral dos documentos e os associaram à campanha do presidente Lula.

A Polícia Federal obteve mandados de busca e apreensão na Justiça Federal de Cuiabá e apreendeu, ontem à tarde, "agendas, documentos, fitas, cds e anotações" na casa de Lacerda em São Caetano.

"A polícia o ouviu porque ele foi chamado a Brasília para ver se seria possível divulgar um eventual material de repercussão na campanha", disse Toron, sem citar à qual campanha estava se referindo.

Repercussão nacional Questionado pela Folha, esclareceu: "A repercussão na campanha como um todo, não era só na campanha de São Paulo, não. É na campanha nacional. Eventualmente nas estaduais também".

Segundo o advogado, Lacerda contou à Polícia Federal que quem o chamou à Brasília foi Jorge Lorenzetti, ex-coordenador de risco e mídia de Lula.

"Sabia-se até então que havia um material comprometedor no que concerne ao escândalo dos sanguessugas. Como ele teve participação é que ele foi chamado [a depor]", disse Toron. Lacerda negou que tenha levado a Gedimar Passos verba para comprar o dossiê.

"Ele não manuseou em qualquer momento o dinheiro, não falou sobre a origem do dinheiro e desconhecia que o material seria pago", disse Toron.

Imagens do circuito interno do hotel onde Passos estava hospedado mostraram Lacerda entrando com uma mala no local e saindo de lá sem ela, no dia 14 de setembro, quando Gedimar e Valdebran Padilha foram presos com o dinheiro. Para a PF, era a comprovação de que o assessor de Mercadante teria transportado pelo menos uma parte do R$ 1,7 milhão.

Lacerda, de acordo com o seu advogado, admitiu ter ido para o hotel naquele dia, mas relatou que a mala continha um notebook, roupas, material de campanha do PT e boletos bancários para contribuição de campanha. Lacerda disse que os entregaria a Gedimar, a pedido deste, e que, por isso, saiu sem a mala.

Segundo Toron, o notebook seria para a conferência da autenticidade de parte do material do dossiê (cds e dvd). "Os boletos eram para depósito por pessoa física nos exatos termos do que manda a lei eleitoral."

Pontos obscuros Há pontos que permanecem confusos. Toron não soube explicar, por exemplo, aonde foi parar o conteúdo da mala, que não estava no material apreendido pela PF. "Salvo engano meu, o notebook foi apreendido", disse ele.

Toron afirmou que Lacerda foi duas vezes para o hotel, mas não esclareceu se foram no mesmo dia. Lacerda reafirmou à PF que o candidato "desconhecia por inteiro" o dossiê.

A reportagem apurou que o depoimento de Lacerda não acrescentou informações sobre a origem do dinheiro.





Fonte: Folha de S. Paulo

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