Clima de suspense sobre debate pode favorecer Lula
Mesmo que decida não comparecer, Lula se poupa de ter que prestar esclarecimentos de sua decisão com antecedência e aumenta a tensão dos oponentes.
Para Carlos Manhanelli, presidente da Associação Brasileira dos Consultores Políticos, a indefinição faz com que os outros candidatos tenham que trabalhar com dois cenários em sua preparação. "Isso gera mais tensão nos adversários, o que é favorável a ele", afirmou.
Na avaliação de Manhanelli, o debate desta noite não será favorável ao presidente em qualquer hipótese, mas sua participação seria mais prejudicial.
"Ele corre o risco de se irritar e atacar demais... Acredito que se ele não for, perde 2 pontos (nas pesquisas). Se for, perde de 4 a 8 pontos", disse.
Os consultores ouvidos pela Reuters acreditam que Lula não tomou ainda uma decisão e que sua equipe deve estar mesmo dividida. "Existe uma ala que acha que ele está preparado o suficiente e que nada poderia tirar mais pontos dele. Outros acreditam que ele teria espaço para falar e explicar, e que isso teria impacto positivo", disse Manhanelli.
"Eles não têm certeza do que é melhor", afirmou Emmanuel Publio Dias, professor de marketing político da ESPM, sobre Lula e sua equipe. "Se for, ele não sabe o que terá pela frente. Se não for, também perde."
Dias não acredita, porém, que o suspense afete o desempenho ou o preparo dos adversários.
"Eles (os outros candidatos) estão morrendo de rir. Todos estão se preparando para atacá-lo", afirmou.
Para Luiz Fernando Santoro, professor da área de TV e jornalismo da ECA-USP e que já trabalhou em várias campanhas políticas, Lula "não é maluco de ir ao debate".
"Ele não tem estrutura para isso. Mas a estratégia dele é não confirmar nem desconfirmar para evitar ser contestado, se poupar de dar explicações", disse.
Santoro acredita que os adversários estão prontos para enfrentá-lo. "A posição mais cômoda que existe hoje é ser oposição contra o Lula."

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