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Politica Brasil
Quarta - 27 de Setembro de 2006 às 07:37

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Da esquerda para direita: Mercadante, Serra, Plínio, Quércia e Apolinário O caso do dossiê contra tucanos e críticas à segurança pública deram o tom do debate entre candidatos ao governo de São Paulo realizado pela TV Globo nesta terça-feira (26).

Aloizio Mercadante (PT) citou logo no primeiro bloco o nome de um empresário ligado ao PSDB e acusado de corrupção. O tucano José Serra esperou os comentários finais para retrucar: "Se tentou armar uma grossa baixaria, que se revelou um tiro no pé", declarou, em referência ao dossiê que reuniria provas contra ele (leia relato completo dessa discussão).

Serra também se defendeu sobre as críticas à gestão tucana na segurança. "Crime organizado é inimigo público número um do Estado. Tem muito a fazer ainda e o governador de São Paulo tem de ser capitão para combater essa questão.”

Primeiro bloco No início, o debate ficou marcado pela discussão de temas nacionais. Plínio de Arruda Sampaio (PSOL) perguntou a José Serra (PSDB) sobre desenvolvimento e ouviu do tucano o seguinte: "Depende em primeiro lugar da política econômica do governo federal, que tem conspirado contra o desenvolvimento", disse Serra. Sampaio afirmou que, para ele, é necessário mudar o modelo econômico mantido pelo PT e pelo PSDB.

Serra teve o direito de fazer a segunda pergunta, obrigatoriamente sobre o tema corrupção, mas em vez de apontar para seu principal adversário, Mercadante (PT), escolheu Carlos Apolinário (PDT), que por sua vez fez críticas ao PT. "Há pouco tivemos um problema em São Paulo em que um dossiê foi comprado por R$ 1,7 milhão. Acusavam o José Serra de estar envolvido com a máfia dos sanguessugas. Quem arrumou os dólares? De onde vem o dinheiro, de que banco foi sacado do dinheiro? Não temos preocupação de fazer campanha contra o Serra e nem contra o Mercadante. Somos o partido das mãos limpas", disse Apolinário.

O candidato do PDT escolheu Orestes Quércia (PMDB) para falar sobre habitação, o que deu mote ao peemedebista para criticar a política para o setor desenvolvida nos últimos 12 anos pelo PSDB e prometer a construção de 400 mil unidades em quatro anos de governo. Chamado a falar sobre o reajuste do funcionalismo e sobre emprego, Mercadante utilizou todo o tempo disponível para fazer a defesa do partido contra os próprios petistas que compraram dossiê com acusações contra Serra. Ela chamou o episódio de "lamentável", disse que afastou um assessor envolvido nas acusações e afirmou que "jamais aceitaria esse tipo de iniciativa".

Na volta ao debate com Plínio de Arruda sobre a política econômica, Mercadante ainda teve de enfrentar risos da platéia em favor do socialista. Em resposta à afirmação do senador de que sob o governo Lula o Brasil deixou o acordo com o FMI, Plinio de Arruda brincou: "Nem tem contrato e já obedece. O salário médio é menor do que em 2002. Na verdade o país está girando em falso. Estamos vivendo uma pneumonia sem febre".

Segundo bloco A segurança pública foi o principal tema. Enquanto Quércia prometeu reerguer o moral do estado, o Mercadante disse que vai reunir uma força-tarefa no dia em que assumir a vaga de governador. Quércia disse: “Vou restabelecer a autoridade, pois quem manda aqui é o crime organizado. Vou acabar com a Secretaria de Administração Penitenciária e recriar a Secretaria da Criança e do Adolescente, um batalhão escolar e valorizar a polícia”.

Mercadante também fez promessas: “A Febem virou um colégio do crime. O estado tem mais de quatro mil foragidos. Vou acabar com a Febem e criar pequenas instuições. Vamos acabar com o crime organizado”.

Carlos Apolinário (PDT) ironizou José Serra (PSDB), favorito nas pesquisas. Ele garante ter catalogado 171 promessas do adversário. “Tenho tudo marcado: dia, hora e local. O senhor vai gastar R$ 200 bilhões e levar 20 anos de mandato para cumprir suas promessas”, acusou. Serra disse que o candidato pode ter errado nas contas. “Também é muito fácil errar nos números".

Terceiro bloco Houve divergências de projetos nas áreas de saúde, combate ao crime organizado, educação e desenvolvimento econômico.

Plínio de Arruda criticou a gestão compartilhada dos sistemas de saúde, que ele entende como privatização. "Hospitais importantes têm duas portas. Todo mundo é bem atendido na teoria e na pratica não é."

Mercadante e Quércia concordaram no diagnóstico sobre a crise do sistema prisional, mas divergiram na solução. Quércia propôs medidas mais duras enquanto Mercadante defendeu a flexibilização do cumprimento das penas.

"O crime organizado bate o pé e o governo treme de medo. Não queriam o uniforme amarelo. Bateram o pé e o governo aceitou. A escola é péssima. Não arrumam emprego. Muitos vão para o crime. Precisamos garantir essa segurança, acabando com a Secretaria de Administração Penitenciária, fazendo melhores equipamentos, investimentos, presídios conectados com indústria. Para fazer essa gente trabalhar", disse Quércia. "Tem de trabalhar aqui fora. Tem de pagar os pequenos delitos trabalhando", disse Mercadante.

Questionado sobre o tema educação por Quércia, Carlos Apolinário respondeu sobre desenvolvimento agrícola e foi repreendido pelo moderador do debate, o jornalista Chico Pinheiro. Em sua vez de perguntar, Apolinário questionou Serra sobre as propostas para o transporte de massa. O tucano defendeu a revitalização das linhas da CPTM para transformá-las em metrô de superfície e até o transporte por hidrovia.

Quarto bloco O ex-prefeito José Serra (PMDB) defendeu o governo de Geraldo Alckmin (PSDB) dos ataques feitos pela maioria dos candidatos principalmente em relação à política de segurança pública e à gestão do sistema de saúde estadual, embora tenha sobrado espaço aos adversários para questionar falhas nas políticas de educação e geração de empregos. Embora tenha evitado confronto direto com Aloizio Mercadante no início do programa, no final do debate Serra criticou o que classificou de "erro dos petistas" (sobre a compra do dossiê).

Fora da polarização entre petistas e tucanos, Orestes Quércia (PMDB) defendeu políticas mais duras de administração do sistema prisional, criticou a política educacional colocada em prática nos últimos 12 anos por sucessivos governos tucanos e propôs como tem feito desde o início da campanha: mais investimentos em habitação. Mas também apontou para as falhas dos petistas na administração federal.

Carlos Apolinário (PDT) emplacou um discurso de críticas pontuais a tucanos e petistas, mas encerrou sua participação com a avaliação de que o debate atingiu alto nível. O pedetista começou questionando os petistas pela compra dos dossiês, ironizou José Serra ao dizer que catalogou 171 promessas do tucano e chegou a discutir com o moderador do programa, Chico Pinheiro, quando tentou falar a respeito de um tema que não estava proposto.

Plínio de Arruda Sampaio (PSOL) propôs a discussão do modelo econômico escolhido por seus colegas e deu a todas as suas declarações o sentido de que qualquer solução de problemas pontuais depende de mudanças na política econômica. O socialista cobrou posturas históricas de Aloizio Mercadante, seu ex-companheiro de partido.

O quarto bloco do debate dos candidatos ao governo do estado de São Paulo foi marcado, mais uma vez, pelas discussões envolvendo as questões de segurança pública. Mercadante acusou o candidato do PSDB de evitar o assunto e não apresentar propostas para o tema, tampouco soluções. “Não vim aqui com pedras na mão. Mas qual a razão de você, Serra, não tratar de segurança pública durante a campanha e também na TV? Não consigo entender isso”, afirmou o petista.

Serra não se intimidou com a provocação e negou a insinuação de Mercadante, mas diante das câmeras ele não quis fazer promessas ao eleitor. Preferiu sair com frases de efeito: “Tratei do tema sim, inclusive aqui na Globo. Crime organizado é inimigo público número um do Estado. Tem muito a fazer ainda e o governador de São Paulo tem de ser capitão para combater essa questão”, disse.

Quinto bloco No quinto e último bloco do debate foram ouvidas as considerações finais dos principais candidatos ao governo do Estado de São Paulo. Em três minutos, cada candidato deixou sua mensagem aos eleitores.

O primeiro a falar foi o candidato Orestes Quércia (PMDB). Ele citou o período em que foi governador de São Paulo e as obras que construiu, como estradas vicinais, parte do metrô e o Memorial da América Latina.

Quércia disse que, se eleito, vai investir na melhoria dos serviços de saúde do estado, principalmente os prestados pelas Unidades Básicas de Saúde (UBS). Elegeu também a geração de empregos como prioridade, citando a criação do "Bolsa Aprendiz" para jovens e de departamentos de empregos para pessoas com mais de 40 anos. O candidato usou a expressão "boi na linha" para falar de sua posição nas pesquisas eleitorais.

O segundo a falar foi o candidato Carlos Apolinário (PDT). Ele classificou sua campanha como a do "tostão contra a do milhão". Disse que seu partido conseguiu se manter limpo, sem envolvimentos em mensalinhos ou mensalões. O candidato citou várias vezes seu número e afirmou que "a pesquisa verdadeira é a da urna".

Aloizio Mercadante (PT) foi o terceiro a falar. Citou seus mais de 30 anos de luta e história política. Prometeu criar um governo independente e forte com geração de emprego e desenvolvimento. O candidato citou a necessidade de investimento em projetos estruturais, como a modernização de ferrovias.

Plínio Arruda Sampaio (PSOL) foi o quarto a falar. Citou seu afastamento nos últimos anos da "lida da vida política", mas disse que a coligação que representa quis que houvesse nessa disputa uma voz socialista para enfrentar o imperialismo. Sampaio disse sentir certa tristeza de ver o candidato Aloizio Mercadante esconder o nome do presidente do PT, Ricardo Berzoini, em quem o colega de partido votou.

José Serra fechou os depoimentos. Ele falou sobre a "grossa baixaria" que tentaram fazer contra ele, referindo-se ao caso do dossiê, e disse que foi um "tiro no pé". Serra falou que, apesar dos ataques, seguiu com uma campanha propositiva. Ele defendeu os políticos Geraldo Alckmin e Mário Covas, que teriam sido "destratados pelos seus adversários". Falou que, se eleito, vai formar uma equipe de funcionários públicos e não uma "patota" para assessorá-lo.





Fonte: G1

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