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Internacional
Terça - 26 de Setembro de 2006 às 16:48

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O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, ordenou hoje a desclassificação de parte de um polêmico relatório dos serviços secretos afirmando, segundo uma versão revelada à imprensa, que a guerra no Iraque contribuiu para estender a violência dos extremistas islâmicos.

Bush anunciou a desclassificação em entrevista coletiva junto com o presidente afegão, Hamid Karzai, com quem repassou o andamento da luta antiterrorista e o aumento da violência no sul do Afeganistão, entre outros temas.

O relatório conhecido como "Avaliação Nacional de Inteligência", um documento conjunto elaborado pelos 16 serviços secretos dos EUA e distribuído no Congresso em abril passado, foi parcialmente revelado neste fim de semana a vários veículos de comunicação.

A imprensa destacou, em particular, parágrafos afirmando que a guerra no Iraque criou mais fundamentalistas islâmicos e, no geral, piorou o combate ao terrorismo.

A oposição democrata deu grande repercussão a essas acusações na campanha para as eleições legislativas, que acontecerão em 7 de novembro.

Após denunciar que o vazamento teve caráter político, Bush disse que decidiu autorizar o diretor nacional de Inteligência, John Negroponte, a desclassificar o documento para que as pessoas "possam julgar por si mesmas".

"Alguns tomaram a liberdade de oferecer informações classificadas (como secretas) por motivos políticos", acrescentou o presidente.

A desclassificação será parcial e afetará apenas as partes que forem consideradas como não prejudiciais à segurança nacional, especificou.

Altos funcionários da Casa Branca afirmaram que o relatório poderia ser divulgado ainda nesta semana.

O relatório, acrescentaram os altos funcionários, será colocado na internet (www.dni.gov).

Em sua entrevista coletiva, Bush - que nas últimas semanas e diante das eleições quis enfatizar o bom andamento da luta contra o terrorismo - disse que é "um erro" pensar que a guerra no Iraque prejudicou o combate ao terror.

O presidente americano afirmou que está de acordo com o relatório sobre que as unidades da rede terrorista Al Qaeda se dispersaram mais e se tornaram mais autônomas.

Também está de acordo em que os terroristas "estão usando a guerra no Iraque para continuar seus métodos assassinos".

Mas, segundo Bush, "se não fosse a guerra no Iraque, (os grupos violentos) encontrariam alguma outra desculpa" para levar adiante suas campanhas de atentados.

"alguns conjeturaram o que o relatório contém e concluíram que ir ao Iraque foi um erro. Estou profundamente em desacordo", disse, acrescentando que "é um erro que as pessoas pensem que ir à ofensiva contra quem quer prejudicar os americanos nos torne mais vulneráveis".

"Não estávamos no Iraque quando sofremos os atentados de 11 de setembro de 2001. Não estávamos no Iraque quando sofremos o atentado contra o porta-aviões Cole (em outubro de 2000). Não estávamos no Iraque quando sofremos atentados em nossas embaixadas no Quênia e na Tanzânia", lembrou Bush.

O relatório contém a primeira avaliação conjunta dos 16 serviços de inteligência americanos sobre a guerra contra o terror desde março de 2003, data em que começou o conflito no Iraque.

A Avaliação Nacional de Inteligência, segundo a imprensa, afirma que, por causa da invasão do país árabe, foi criada uma nova geração de células terroristas que não têm laços diretos com o líder da Al Qaeda, Osama bin Laden.

O relatório destaca o impacto da internet na difusão da ideologia radical e alerta que o ciberespaço se transformou em um abrigo seguro para alguns terroristas.

A difusão do relatório ocorre no momento em que o Governo negocia com o Congresso para tentar aprovar uma nova legislação antiterrorista, que estipule como processar os suspeitos destes crimes e como realizar os interrogatórios contra eles.





Fonte: EFE

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