Repórter News - www.reporternews.com.br
Politica Brasil
Segunda - 25 de Setembro de 2006 às 12:55

    Imprimir


A Polícia Federal investiga a informação de que Luiz Antônio Vedoin, empresário que chefiava a máfia dos sanguessugas, reuniu-se com assessores de importantes dirigentes do PT em um hotel de São José do Rio Preto, interior de São Paulo, três dias antes de ser preso sob acusação de montar o dossiê contra candidatos tucanos.

O encontro teria ocorrido no dia 12 de setembro, quando Vedoin e seus interlocutores acertaram os últimos detalhes da trama para jogar o tucano no mar de lama dos sanguessugas. A PF suspeita que ao menos um assessor de Aloizio Mercadante, candidato do PT ao governo paulista, teria ido ao encontro.

Hamilton Lacerda, ex-coordenador da campanha de Mercadante, é alvo do inquérito. Para a PF, ele participou do encontro com Vedoin para tratar da compra do dossiê - uma fita de vídeo, um DVD e seis fotografias de Serra durante entrega de ambulâncias em Cuiabá, em 2001. À época, Serra era ministro da Saúde.

A suspeita é que Lacerda tenha atuado na negociação de compra do dossiê por R$ 1,75 milhão. O delegado Diógenes Curado, que preside o inquérito, considera fundamental seu depoimento.

Agora, a meta da PF é reconstituir todos os passos do grupo envolvido para tentar chegar a novos nomes. Os federais descobriram que no dia 5, quando depôs pela última vez à CPI dos Sanguessugas, Vedoin encontrou-se em Brasília com o empreiteiro Valdebran Padilha, filiado ao PT e arrecadador de campanhas em Mato Grosso.

No dia seguinte, os dois embarcaram de volta a Cuiabá. Vedoin estava em liberdade, que conquistara em troca da delação premiada. O benefício foi cortado quando a PF descobriu o caso do dossiê.

Segundo a polícia, no dia 12 Vedoin e Valdebran foram a Rio Preto e se reuniram com quadros do PT. No dia seguinte, o petista foi a São Paulo e Vedoin, a Cuiabá.

Quinta Sinfonia

Curado chegou ontem cedo a Cuiabá, depois de passar quase 15 horas, na sexta, em Brasília, conduzindo os interrogatórios de Jorge Lorenzetti, Expedito Afonso Veloso e Oswaldo Bargas, trio petista sob suspeita. A PF não perguntou se o presidente Lula sabia da operação.

Os petistas disseram que o dossiê era mesmo de interesse do partido, mas se recusaram a apontar detalhes sobre a origem do dinheiro. Alegaram que, em troca do material, dariam suporte jurídico a Vedoin. 'Eles combinaram tudo direitinho, parecia a quinta sinfonia de Beethoven', disse Curado.

A polícia também decidiu abrir um novo inquérito, exclusivamente para apurar a participação do empresário Abel Pereira, amigo do ex-ministro da Saúde Barjas Negri, que sucedeu Serra no cargo (no governo Fernando Henrique Cardoso). Abel foi a Cuiabá para se reunir com Vedoin, que tinha em mãos lista de cerca de 500 prefeituras supostamente ligadas aos sanguessugas.

Ontem, a PF começou a analisar documentos, inclusive cópias de 15 cheques que Expedito entregou. Os cheques somam R$ 601 mil e, segundo o petista, seriam sobra de campanha de Serra em 2002. 'Ninguém está implicando o Serra aqui', declarou o delegado.





Fonte: G1

Comentários

Deixe seu Comentário

URL Fonte: https://www.reporternews.com.br/noticia/273582/visualizar/