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Politica Brasil
Sexta - 22 de Setembro de 2006 às 14:16

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O empresário Luiz Antonio Trevisan Vedoin, 31, apontado como chefe da máfia das ambulâncias, disse ontem à Polícia Federal que a negociação do “dossiê” – supostamente anti-tucano – ocorreu por conta da dívida que o lobista Valdebran Padilha (PT) havia contraído com ele a partir de várias obras de emendas parlamentares do deputado federal Lino Rossi (PP).

No depoimento, Vedoin explicou que Padilha e o irmão dele, Valdemir Padilha, lhe deviam aproximadamente R$ 300 mil, valor referente ao cálculo de 2000 ou 2001, conforme cheques apreendidos pela PF na sexta-feira passada. Conforme o acordo, as obras eram empreitadas pelos irmãos por meio das emendas apresentadas por Rossi ao Orçamento da União. Trevisan recebia 15% do valor e 10% eram repassados ao pepista.

“(...) que acredita que Valdebran tinha consciência que parte do valor da obra que o declarante receberia seria destinado a pagar o parlamentar autor da emenda”, diz trecho do depoimento. A relação das emendas e valores das obras constam do processo da 2ª Vara Federal de Mato Grosso.

Cheques emitidos pela firma Saneng Construção Ltda (um cheque), por Valdemir Padilha (três cheques) e pela empresa Fontoura e Fontoura Ltda (dois cheques) totalizam R$ 291 mil, mais juros de 1,2% ao mês, somando então R$ 700 mil, segundo Vedoin, sócio-proprietário da Planam (principal empresa da máfia das ambulâncias).

Quando foi preso pela primeira vez, há cerca de 90 dias, Vedoin pediu que Padilha fosse visitá-lo para cobrar a dívida, bem como o fez em liberdade. Vedoin afirmou que, inicialmente, Padilha disse que não possuía o valor total e pagaria aos poucos.

No entanto, segundo Vedoin, Padilha comentou que poderia quitar a dívida com mais rapidez se possuísse o material que comporia o dossiê – fotos e gravação em vídeo e DVD referentes a uma solenidade, ocorrida em 2001 em Cuiabá, para entrega de 41 ambulâncias compradas da Planam. Nas imagens aparecem os candidatos tucanos José Serra (Governo de São Paulo) e Geraldo Alckmin (Presidência da República).

Vedoin afirmou ainda que sabia da ligação de Valdebran Padilha com o PT, “mas não tinha consciência de que maneira ele utilizaria o material”. De acordo com Vedoin, Padilha foi a São Paulo para conseguir o dinheiro.

Depois do acordo selado, Vedoin disse que entregou um CD para uma pessoa, cujo número do celular pertence à Brasília (DF). O CD – entregue na quarta-feira (13 de setembro) no aeroporto de Várzea Grande -- estava vazio, pois disse não ter confiança em Padilha, devido ao não cumprimento dos compromissos firmados anteriormente. Já em São Paulo, Padilha telefonou dizendo que não pagaria a dívida se não fosse enviado o material acertado.

Vedoin incumbiu o tio Paulo Dalcol Trevisan de levar o material a São Paulo. Antes de embarcar no vôo das 23h30 de quinta-feira, Dalcol foi detido pela Polícia Federal. “O tio só entregaria e não receberia o dinheiro, cuja entrega seria feita por Valdebran”, esclareceu o depoente.

O empresário sustentou que não havia um valor exato do repasse que seria efetuado por Padilha, “mas seria algo em torno de um milhão”. Acrescentou que “não se recorda de ter falado com a pessoa de Gedimar (Pereira Passos) sobre o pagamento de um milhão”. Passos trabalhava no comitê de campanha do presidente Lula (PT).

Na semana retrasada, Vedoin disse que foi procurado por Padilha, Passos e Expedito (Afonso Veloso) em Cuiabá. Segundo Vedoin, o lobista estava acompanhado por dois homens, sobre os quais não sabia se eram petistas.

Vedoin isentou seu pai, Darci Vedoin. “(...) as reuniões que fazia com Valdebran, sejam pessoalmente ou com seu pai, eram para tratar da dívida ou da intenção dele de alugar o prédio da Planam; que a tratativa para entrega do material e recebimento do dinheiro eram sempre feitas com o declarante (...). O dossiê foi negociado por aproximadamente R$ 1,8 milhão, segundo a PF.

O sócio-proprietário da Planam disse desconhecer quem são as pessoas que entregaram o dinheiro à Padilha e a forma de recebimento. Gedimar Passos e o lobista foram presos no hotel Íbis, na capital paulista, com mais de um milhão.

Baseado no município de Santo Antonio do Leverger, Padilha conhece Vedoin há oito anos e traria o dinheiro para Mato Grosso em um avião particular.





Fonte: Olhar Direto

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