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Internacional
Quarta - 20 de Setembro de 2006 às 07:43

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O conservador Shinzo Abe, que defende uma política exterior mais forte para o Japão, foi eleito nesta quarta-feira o novo líder do partido do governo, abrindo caminho para que seja escolhido primeiro-ministro na próxima semana.

Abe, que se tornará o primeiro premiê japonês nascido depois da Segunda Guerra Mundial, prometeu reescrever a Constituição pacifista do Japão, forjar laços de segurança ainda mais fortes com Washington e colocar mais patriotismo nas salas de aula japonesas.

Ele também prometeu aquecer o relacionamento com a China e com a Coréia do Sul, abalado pelas visitas do atual primeiro-ministro, Junichiro Koizumi, ao memorial de guerra Yasukuni, em Tóquio. Mas ele ressaltou que melhores relações exigem esforços de todos os lados.

"O Partido Liberal Democrático (PLD) segue o ideal de tornar o Japão mais rico e um país com orgulho", disse Abe a parlamentares do partido depois da votação. "Quero manter esse fogo acesso e continuar com as reformas".

Abe teve 464 dos 702 votos válidos de legisladores e membros do partido, contra 136 do ministro das Relações Exteriores, Taro Aso, e 102 do ministro das Finanças, Sadakazu Tanigaki.

Legisladores aplaudiram quando Koizumi colocou seu voto na disputa que marca o fim do reinado de um dos líderes mais populares do Japão.

Abe, que completa 52 anos na quinta-feira, prometeu buscar o crescimento e avançar com as reformas econômicas iniciadas por Koizumi, que assumiu em 2001 com a plataforma de retirar o partido das amarras dos interesses de grupos e reduzir a influência pesada do governo na economia.

A vitória de Abe no partido garante sua escolha como primeiro-ministro na reunião do Parlamento de 26 de setembro, já que o PLD controla a câmara baixa.

ÁSIA E REFORMA

Abe enfrenta agora os desafios de reparar o relacionamento com Pequim e Seul e manter as reformas econômicas, ao mesmo tempo em que lida com as preocupações dos eleitores com o aumento das diferenças sociais que muitos consideram resultado das reformas de Koizumi.

O vice-ministro do Exterior da Coréia do Sul, Kyu-hyung, disse em Seul: "Esperamos que os laços abalados entre Coréia do Sul e Japão possam ser reparados com o começo do novo governo no Japão e que as relações possam desenvolver-se de maneira amistosa e direcionadas para o futuro".

Abe defendeu as peregrinações de Koizumi a Yasukuni, onde líderes japoneses condenados como criminosos de guerra por um tribunal aliado são homenageados, ao lado dos mortos na guerra. Ele também visitou o local no ano passado, colocando de lado o tema da responsabilidade dos líderes japoneses da guerra.

Ele recusou-se a dizer se irá ao local como primeiro-ministro, em ambiguidade que algumas pessoas consideram uma porta aberta para melhorar o relacionamento com Pequim e Seul.

Abe, político de terceira geração, deverá adotar a posição combativa de Koizumi nas reformas econômicas e até agora não divulgou detalhes sobre como pretende lidar com a dívida pública do país.

O mercado financeiro quer ver como ele montará o gabinete para ter mais dicas sobre sua posição em relação a reformas.

"Não houve uma grande pressão de Abe como candidato e como ministro em direção ao tipo de reformas fiscais e previdenciárias que o governo precisa tratar", disse Kirby Daley, estrategista na corretora Fimat, antes da votação.

"Mas isso pode mudar depois que assumir o cargo. Investidores estrangeiros precisam ver isso para a saúde financeira do Japão a longo prazo".

Abe disse que sua prioridade na sessão do Parlamento a partir da próxima terça-feira será a revisão da lei de 1947 sobre educação, formulada pelos EUA, para cultivar o "amor ao país" como objetivo educativo. A outra será ampliar a lei que permite a navios japoneses abastecerem barcos no Oceano Índico, como parte da operação liderada pelos EUA no Afeganistão.





Fonte: Reuters

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