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Cultura
Terça - 12 de Setembro de 2006 às 21:54

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A fronteira entre jornalismo e literatura tem sido transposta por vários escritores brasileiros e sul-americanos que vão participar da Literamérica 2006 – Feira Sul-americana do Livro. Não é raro encontrar jornalista que também é escritor e referência na literatura de seu país, como é o caso de Antonio Cisneros, único escritor Sul-Americano, entre os que vão participar da Literamérica, a ter livro publicado no Brasil. Cisneros vai participar da Feira Sul-Americana do Livro, que acontece entre os dias 16 e 24 de setembro, no Centro de Eventos do Pantanal, apresentando seus poemas por meio de palestras e fazendo algumas declamações de suas poesias.

Cisneros nasceu em Lima, Peru, no dia 27 de dezembro de 1942. Estudou nas Universidades Católica e São Marcos, fez doutorado em Letras em 1974. Foi professor universitário e jornalista no Peru e no exterior. Foi editor de revistas e suplementos, como El caballo rojo, 30 días, El búho. Publicou dez livros de poesia e cinco de prosa. É tradutor de poetas brasileiros e americanos.

Ensinou literatura na Inglaterra, França e Hungria, além de ter sido pesquisador na Universidade de Berkely, nos EUA. Em 2000, recebeu, pelo conjunto da obra, o importante Prêmio Interamericano de Cultura Gabriela Mistral, concedido pela OEA (Organização dos Estados Americanos). Em 2004 recebeu a condecoração de Cavaleiro da Ordem das Artes e das Letras, concedida pelo governo francês.

A seguir, o poeta fala de sua participação na Literamérica em uma entrevista concedida ao também escritor Floriano Martins, editor da revista Agulha.

1. Quais contatos você tem com os escritores brasileiros e de que maneira a literatura brasileira é difundida no seu país?

Em geral, aqui os narradores são bastante conhecidos, desde os clássicos como Jorge Amado ou Guimarães Rosa, até Nélida Piñon e Márcio Souza. Também, em círculos menores, os poetas Jorge Lima, Manuel Bandeira, Cecília Meirelles, Carlos Drummond de Andrade, Ferreira Gullar. Se conhece muito pouco dos autores mais recentes (ou, pelo menos, eu conheço muito pouco).

2. De todos os convidados sul-americanos para este evento, você é o único que já tem um livro publicado no Brasil. A rigor, excetuando a poesia de César Vallejo, você também é o único peruano publicado entre nós. Como se concretizou a edição deste livro?

Os tradutores, não sei como, se puseram em contato comigo por e-mail.

3. Como será a sua apresentação na Literamérica? O que você vai trazer para o leitor brasileiro, em Cuiabá, que certamente estará atento à sua poesia?

Acho que vou falar um pouco da minha trajetória, ler poesias e comentá-las, quem sabe até conversar com o público, se eles quiserem.

4. Como observar hoje, em termos de poesia peruana, uma relação de forças entre tradição e ruptura?

A poesia peruana, desde José Maria Eguren e César Vallejo, se mantén até hoje numa tradição de sucessivas rupturas. Salvo alguns grupos ocasionais que não chegaram a ter solução de continuidade, não existe uma iconoclasia radical e definitiva. Por fim, a poesia não existe como grupos ou manifestos teóricos, senão na esfera individual da qualidade de cada poeta. Creio que a poesia contemporânea do Peru goza de boa saúde há quase um século.

5. O que tem ocasionado certo vazio nas relações entre Brasil e América Hispânica, já é um fato histórico. O que você sugere como uma possibilidade plausível de aproximação cultural desses países?

As vezes acho que a proximidade idiomática é, ao mesmo tempo,nossa maior distância. Isso que dizer que por se parecerem tanto, o espanhol e o português, salvo algumas excessões, nem vocês nem nós levamos a sério o aprendizado de nossas línguas. De todo modo, sendo como somos, países irmãos, e com um destino comum, suspeito que a forma mais direta e econômica de nos integrar seja através da cultura.





Fonte: 24HorasNews

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