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Nacional
Sexta - 08 de Setembro de 2006 às 01:28

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Mãe de Ana Clara Rocha Padilla, 17 anos - um das cinco vítimas de acidente ocorrido no início da semana, na cidade do Rio de Janeiro -, a coordenadora educacional Maria Vitória Rocha Padilla pretende levar para as salas de aula o drama da família e, assim, conscientizar os estudantes de que cuidados simples podem evitar tragédias como a de domingo passado. Os jovens estavam alcoolizados no momento da colisão.

"Estou fazendo como uma maneira de suportar. Não entendo como missão. É simplesmente para isso tudo que aconteceu ter algum sentido, já que foi uma coisa tão absurda e catastrófica. É trabalhar a prevenção para os jovens, para os meus outros três filhos. É claro que isso vai ficar na cabeça deles para o resto da vida. Mas, para os demais, é mais um acidente. Então, se a gente faz uma campanha enorme, quem sabe conseguimos evitar futuras tragédias", explica ela, de um fôlego só.

Os planos foram contados à reportatem na quarta-feira passada, momentos antes da cerimônia, na praia de Ipanema, em que as famílias de Ana Clara, Joana Kuo Chamis, 17, e Manoela de Billy Rocha, 16, jogaram as cinzas das três jovens ao mar. Agora, Vitória só quer retomar a vida da família e começar a campanha em defesa da vida.

Inicialmente, a proposta é levar palestras para os colégios. Vitória quer a ajuda do Detran-RJ, para orientar sobre direção defensiva, e médicos, para falar sobre os efeitos do álcool e do perigo para quem dirige. A intenção é que o público-alvo seja estudantes de 16 a 20 anos, faixa etária semelhante à dos cinco jovens que morreram no acidente.

"A gente habituou nossos filhos a usar cinto, inclusive no banco traseiro. Quando a gente sai, olho para trás e digo para eles: sem cinto, sinto muito. Só ligo o carro quando ouço o barulho das fivelas fechando. A Ana Clara estava sem cinto no dia do acidente. Isso não dá para entender", desabafa a mãe da estudante.

Os dados do Detran revelam que somente no primeiro semestre deste ano, 179 pessoas, entre 18 e 29 anos, perderam suas vidas no trânsito. Os números foram usados como um alerta da família aos jovens. "Acho que a mensagem que tenho que passar é que todos tomem isso como exemplo. Durante o velório, disse para os amigos da minha filha que eles não têm que acreditar em mim, nem em pai e mãe. Eles têm que acreditar em estatísticas, que mostram que um jovem morre por dia no trânsito. Isso é uma chacina", argumenta o pai de Ana Clara, o arquiteto Gabriel Figueiredo Padilla.

Na ocasião, direcionou o alerta aos rapazes, por acreditar que, na maioria das vezes, são eles que estão ao volante. Mas agora chama a atenção das meninas: "A minha filha era passageira. Ela era uma acompanhante. O motorista não pode achar que as pessoas ao redor estão nas suas mãos. Não estão. Vocês, meninas, não podem ficar à mercê de mauricinho de plantão, que acha que tem que dirigir sempre. Têm que bater o pé".

O pai chora ao lembrar que recortou, recentemente, matéria sobre o acidente, em São Paulo, que matou o goleiro Weverson Maldonado e a jogadora de vôlei Natalia Lane, ambos de 19 anos, e deu para a filha ler. "Mostrei para ela e disse para se cuidar".





Fonte: Terra

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