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Cultura
Quinta - 31 de Agosto de 2006 às 09:12

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De dois anos para cá, Ney Matogrosso pisou no acelerador. Emendou a gravação e os shows do premiado Vagabundo, seu encontro com o grupo Pedro Luís e A Parede, em 2004, aos violões e ao sotaque ibérico de Canto Em Qualquer Canto, lançado ano passado. Viajou pelo País e recolheu repertório suficiente para um novo disco, que só não sairá este ano porque o sucesso de Vagabundo ainda reverbera. Mais, aliás, do que o próprio Ney gostaria.

Por ele, o CD ao vivo do projeto com Pedro Luís, gravado em julho de 2005 e só agora lançado pela Universal, jamais teria visto a luz do dia. Com o disco e o DVD do show, já são quatro os produtos da parceria: em 2004 foi para as lojas também um DVD com making of das gravações do original da série, que ele considera definitivamente encerrada.

"Por mim, não teria este CD ao vivo. Mesmo o making of da gravação, por nós, que estávamos fazendo, deveria ter saído com o Vagabundo. Mas a Universal preferiu lançar individualmente depois", diz, sem dar tiro no próprio pé. "O DVD ao vivo acho bacana que tenha saído. O show tem energia, seu tempo de vida é longo."

Ney, porém, já procura novos caminhos, única constante até hoje em sua carreira, que já dura 33 anos. Hoje à noite, o cantor se apresenta na série Encontros Tim, no Circo Voador, ao lado do Los Hermanos (Adriana Calcanhotto também participa). Ontem, passou o dia ensaiando com o quarteto. "O contato com eles está me deixando excitado. São muito diferentes na composição, na execução, na melodia. Espero que resulte alguma coisa daí", revela. No show, Ney cantará Veja Bem, Meu Bem, do grupo, que está entre Balada do Louco, Fala e Tanto Amar, do repertório do intérprete.

É bem provável que uma ou mais músicas dos roqueiros estejam no próximo CD de Ney, intitulado, por enquanto, Um Pouco de Calor. Ele planejava entrar em estúdio este ano, mas decidiu pisar no freio. "Eu, quando vejo alguém exposto, enjôo da cara da pessoa Não quero que enjoem de mim", ensina, com a sabedoria de três décadas de estrada. E estende esse desembaraço ao processo eleitoral, que critica sem meias palavras. "O que posso dizer? Achei que esta já seria uma eleição diferenciada, que leis haveriam de ser feitas para impedir essas lambanças todas", protesta.

Para ele, não há desculpas para frases de artistas como Wagner Tiso, que afirmou, em defesa do governo Lula, não estar preocupado com a ética do PT. "Ninguém é tolinho de achar que esses escândalos nunca haviam acontecido antes. Mas, a partir deles, tem que se cobrar, sim, ética na política, ética em todos os campos da organização humana. Se não, vira uma esculhambação mundial", diz, relativizando a importância das declarações da classe artística. "Por que ela deveria se destacar de qualquer outra? São seres humanos que erram e acertam."

Eleições e rock Eleitor de Lula desde 1989, este ano Ney Matogrosso vai votar em Heloísa Helena, "pela coerência", apesar de não ter esperanças na vitória da candidata do PSOL. Não diz, porém, "nunca mais" para Lula. "Acredito que ele vai ter outra chance de mostrar para nós se é ou não bem-intencionado. Ainda pode mexer em muita coisa para mudar o Brasil."

Se na política ele não reconhece novos talentos, enxerga o oposto na produção musical brasileira. Nas turnês de Vagabundo e Canto Em Qualquer Canto, Ney pescou as novidades que estarão em seu adiado próximo CD. "Fui conhecendo pessoas, que foram me dando músicas. Acabou que o repertório está praticamente pronto. É só dar um tempo para o pessoal descansar da minha cara", brinca.

Aos 65 anos, Ney ainda dialoga com naturalidade com artistas mais novos. Ele aposta, agora, no paulistano Dan Nakagawa, cuja música Um Pouco de Calor dá título provisório ao novo projeto. "Ninguém conhece este artista ainda, mas em breve vão conhecer", arrisca.

O artista, sem amarras como Ney, transita entre o rock e o eletrônico, o soul e o suíngue, e tem um disco lançado, O Primeiro Círculo. Dele, é provável que Ney grave ainda Um Cano de Revólver.

O uruguaio Jorge Drexler e o niteroiense Fred Martins também têm grandes chances de ser gravados pelo intérprete. "O disco tem inéditas e releituras de músicas que nunca gravei. É um disco de pop rock com banda. Guitarra, baixo, bateria, sopros, teclados, tudo o que tem direito", adianta. E antes que alguém pergunte, não, não vai lembrar em nada o Secos & Molhados que o revelou em 1973. O negócio de Ney é seguir em frente.





Fonte: O Dia

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