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Politica Brasil
Quinta - 24 de Agosto de 2006 às 16:08

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Passados dez dias da propaganda eleitoral, analistas políticos avaliam que o candidato do PSDB ao governo de São Paulo, José Serra, acertou no tom ameno da campanha. Segundo eles, apesar dos esforços de Aloizio Mercadante para associar sua imagem a do presidente Lula, o candidato petista terá grandes dificuldades para atingir os índices de votação do PT em eleições anteriores.

"Serra está combatendo no melhor lugar. São Paulo é um reduto peessedebista", disse o consultor de marketing político Carlos Figueiredo sobre o alto índice de apoio ao candidato tucano registrado pelas pesquisas.

De acordo com dados do instituto Datafolha divulgados na quarta-feira, Serra teria 48 por cento das intenções de voto contra 18 por cento de Mercadante, 10 por cento de Orestes Quércia (PMDB), 2 por cento de Carlos Apolinario (PDT) e 1 por cento de Plínio de Arruda Sampaio (PSOL).

As pesquisas, segundo Figueiredo, evidenciam a perda de prestígio do Partido dos Trabalhadores em São Paulo. "O PT está muito queimado, tanto que o presidente Lula está se distanciando do partido", comentou.

Nas eleições de 2002 para o Palácio dos Bandeirantes, o candidato petista José Genoíno teve, no primeiro turno, 32 por cento dos votos contra os 38 por cento obtidos pelo candidato tucano Geraldo Alckmin.

Apesar de ter sido o candidato paulista mais votado para o Senado em 2002, com cerca de 10,5 milhões de votos (cerca de 30% dos votos), Mercadante enfrenta dificuldades para empolgar o eleitor. O problema, segundo o professor de Ética e Filosofia Política da Unicamp, Roberto Romano, é que todo o capital político de Mercadante foi desmantelado pela fragilidade atual do PT. "Essa dificuldade do PT de conquistar votos ocorre porque o partido já administrou todas as instâncias do poder paulista, com exceção do governo do Estado, e, em todas essas situações, não se saiu de acordo com o que propunha", disse Romano.

"Houve uma evidente quebra ideológica, doutrinária e prática", acrescentou. Na opinião de Romano, não foram apenas as denúncias de envolvimento de petistas em corrupção que desiludiram o eleitorado paulista, mas a "superficialidade" das críticas do PT à administração tucana em São Paulo.

"O PT fez uma crítica virulenta, sem nenhuma concessão à necessidade de ajuste fiscal. Acusava o (governador tucano) Mário Covas de neoliberal, de destruir políticas públicas. Eleito Lula, ficou claro que se tratava apenas de uma crítica superficial. Tudo o que criticavam em Covas estava sendo praticado pelo PT no governo federal", comentou.

PALANQUE

Mercadante tem usado parte do horário eleitoral para mostrar conquistas do governo Lula e atrair o apoio dos eleitores do presidente.

Mas na opinião da cientista política Vera Chaia, da PUC-SP, quem mais ganha com essa estratégia é a própria candidatura de Lula.

"O PT já sabe que vai perder aqui por causa das tendências das pesquisas.(O espaço eleitoral de Mercadante) está servindo como mais um palanque para a apresentação do governo Lula", disse.

Tranquilo na posição de líder absoluto nas pesquisas, José Serra tem usado o horário eleitoral para ressaltar os pontos fortes de sua carreira pública, sem rebater as críticas da oposição aos 12 anos de administração tucana.

Serra não tem ressaltado as conquistas administrativas de seus antecessores e somente uma vez mencionou o ex-governador e candidato à Presidência Geraldo Alckmin.

"Essa é uma característica pessoal dele", comenta Chaia. "Na eleição para a Presidência em 2002, Serra abandonou o governo Fernando Henrique e mostrou que tinha um projeto específico". Para Figueiredo, o candidato tucano está absolutamente certo ao distanciar-se de qualquer comprometimento do PSDB em São Paulo e ao reforçar a imagem de administrador eficaz e calmo. "Os manuais mandam fazer isso", comenta.

O maior problema, reconhecem os analistas, é que o marketing eleitoral dita os termos do debate, e muitas questões relevantes para a administração do Estado não estão sendo suficientemente discutidas.

"É uma campanha absolutamente burocrática, sem apelo programático. Toda a discussão gira em torno do que se deu no passado e não em termos de futuro", disse Romano.





Fonte: Reuters

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