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Politica Brasil
Quinta - 24 de Agosto de 2006 às 15:35

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Criticado entre aliados por evitar um discurso mais duro na eleição presidencial, o candidato do PSDB ao Palácio do Planalto, Geraldo Alckmin, preferiu nesta quinta-feira atacar o Congresso por se submeter ao Executivo, tornando-se "uma correia de transmissão".

Segundo colocado nas pesquisas de intenção de voto e sob o risco de perder a disputa ainda no primeiro turno para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, candidato à reeleição, Alckmin se disse pessimista com o futuro do parlamento brasileiro, "contaminado" pelo mensalão e pelos sanguessugas.

"É fácil bater em deputado, e eu acho que precisa bater mesmo porque precisa renovar", afirmou o tucano, durante debate promovido pelo Instituto Ethos, acrescentando que a corrupção no Brasil se dissemina nos poderes e partidos.

"Não pode a política virar um clube de má fama... Se você verificar as chapas de deputado, nenhum partido consegue preencher metade. Aliás, não só é difícil, como eu acredito que possa piorar", disse o ex-governador paulista, que adiou a apresentação de seu plano anticorrupção em uma semana.

Alckmin lembrou que os escândalos de compra de apoio de deputados, caixa dois de campanha e compra de ambulâncias superfaturadas são má referência para os políticos de todo o país. "Imagine o que o prefeito lá do interior acha que pode fazer com esse exemplo", disse ele. Alckmin reafirmou que "o mensalão é visão autoritária" e que em um regime parlamentarista, do qual é defensor, tanto o governo como o Congresso já teriam sido substituídos no ano passado.

CHOQUE

Acossado pela ampla vantagem de Lula nas pesquisas de intenção de voto e pela alta aprovação da administração petista, Alckmin foi além do tradicional pedido por um choque de gestão em Brasília se for eleito presidente.

"O país precisa de um verdadeiro choque. Choque de tudo. Tudo. Do pontos de vista ético, moral e de eficiência de gestão, de reformas estruturantes", afirmou para cerca de 100 ouvintes.

Como contraponto ao bordão de Lula, que prega ser melhor continuar seu governo em vez de começar do zero, o candidato tucano afirmou: "Reeleição é um pouco mais, de novo. O Brasil precisa de alguém para dar uma pedalada mais forte". Alckmin foi reeleito para o governo de São Paulo em 2002.

O presidenciável do PSDB afirmou que a administração petista concentra renda ao privilegiar o pagamento de juros em relação a projetos sociais, citando que "são 10 bilhões de reais no Bolsa Família e 150 bilhões para os rentistas".

Perguntado por jornalistas sobre a possibilidade de críticas mais abertas a Lula e ao PT, como pedem alguns de seus partidários, Alckmin repetiu que aposta em uma campanha propositiva.

"As mudanças maiores ocorrem no final da campanha. Ninguém vai com três programas de televisão mudar o voto. Você primeiro acumula dados positivos, confiança, empatia, credibilidade. Depois isso vira voto. Convencimento é um processo, não é mágica", declarou.

Apesar de praticamente não aparecer nas campanhas estaduais, Alckmin se disse "muito satisfeito" com o apoio de aliados e atribuiu um aparente esvaziamento da sua campanha — nesta quinta-feira foi acompanhado somente por assessores — a "falta de notícia".

"O horário do candidato a presidente da República é terça, quinta e sábado. Aliás, se você ocupar o espaço do candidato estadual é ilegal. Chama-se invasão", afirmou.

"Senão nós vamos fazer campanha de segunda a sábado, que é o que o Lula estava fazendo. Ele estava usando o horário eleitoral dos governadores e foi punido", disse Alckmin, referindo-se à decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de tirar tempo do petista em rádio e televisão devido à veiculação inapropriada.





Fonte: Reuters

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