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Internacional
Segunda - 21 de Agosto de 2006 às 19:21

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O julgamento dos sete supostos responsáveis pelo massacre de Srebrenica, cidade localizada na parte oriental da Bósnia, foi retomado nesta segunda-feira pelo Tribunal Penal Internacional, onde a promotora Carla Del Ponte classificou como "escandalosa" a "recusa imperdoável" da Sérvia a prender Ratko Mladic, um dos principais acusados pelo genocídio. O ex-chefe militar dos sérvios na Bósnia, o general Mladic "devia estar diante do tribunal para responder pela acusação de genocídio durante a guerra da Bósnia", declarou a promotora do TPI, logo após seu pronunciamento inicial.

"O governo da Sérvia é perfeitamente capaz de detê-lo. É escandaloso que Mladic, tal como o ex-chefe político dos sérvios na Bósnia Radovan Karadzic, igualmente fugitivo, ainda não se encontrem na presença deste tribunal das Nações Unidas, acrescentou Carla. Mladic e Karadzic são os dois principais acusados pelo massacre de Srebenica durante a guerra da Bósnia (1992-1995), em julho de 1995 - um dos momentos mais sombrios dos conflitos que desmembraram a extinta Iugóslavia. A promotora acusa constantemente o governo de Belgrado de proteger os dois incriminados.

No entanto, Del Ponte classificou este julgamento como uma "etapa importante", que teve a primeira audiência em 14 de julho, antes do recesso do TPI. Os acusados estão, segundo ela, "entre os maiores responsáveis pelo massacre de cerca de 8.000 jovens e adultos muçulmanos".

O massacre de Srebrenica foi classificado como "genocídio" pelo TPI. Seis pessoas já foram condenadas, das quais duas por cumplicidade pelo genocídio. O ex-presidente iugoslavo Slobodan Milosevic, falecido em março antes do fim de seu julgamento no TPI, foi notadamente incriminado pelo massacre de Srebrenica, realizado como parte de seu projeto de "limpeza étnica" para criar uma grande Sérvia.

O promotor Peter McCloskey também destacou durante o início de sua acusação o "plano de Karadzic e Mladic" de controlar toda a Bósnia, desde 1992. "O ponto culminante foi o massacre de Srebrenica", disse, ao apresentar imagens que mostravam Mladic entrando em uma cidade fantasma algumas horas após o fim da ofensiva sérvia.

No maior julgamento nunca antes realizado pelo TPI, cinco dos sete incriminados são acusados de genocídio, crimes de guerra e crimes contra a humanidade. Trata-se de Ljubisa Beara, 67 anos, chefe de segurança do exército sérvio na Bósnia, de Vujadin Popovic, 49 anos, oficial de polícia; de Ljubomir Borovcanin, 46 anos, comandante-adjunto da polícia especial do Ministério do Interior sérvio-bósnio; de Vinko Pandurevic, 47 anos, e de Drago Nikolic, 48 anos, que comandou o ataque contra o território localizado sob a proteção dos boinas azuis (como são conhecidos os soldados da ONU) holandeses.

Os últimos dois acusados, os oficiais, Radivoje Miletic, de 58 anos, e Milan Gvero, de 68 anos, irão a julgamento por crimes de guerra e crimes contra a humanidade por terem bloqueado a chegada de ajuda. Todos os acusados se declaram inocentes.





Fonte: AFP

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