Leão diz ter carta branca e quer renovação no Corinthians

Em sua apresentação oficial como técnico do Corinthians, Emerson Leão comemorou a liberdade que recebeu da diretoria para comandar o time de futebol profissional à sua maneira. No entanto, engana-se quem pensa que ele esteja disposto a investir dinheiro do MSI em novos reforços.

"O presidente (Alberto) Dualib me deu carta branca para fazer as coisas que serão positivas para o futebol do Corinthians. Fico satisfeito pela confiança que recebi para entrar nesse furacão, como dizem, e estou muito entusiasmado", afirmou o treinador.

O ex-goleiro avisou que não pensa em reforços para a equipe. Em seu início de trabalho no Parque São Jorge, ele quer analisar o grupo que agora tem nas mãos e dar atenção especial aos jogadores formados nas categorias de base do clube.

"Eu trabalhei com excelentes garotos no Santos. Se eu tiver a mesma competência aqui, teremos sucesso garantido. A minha obrigação é fazer novos atletas para o grupo que eu trabalho", acrescentou.

O entusiasmo de Leão com o convite do Corinthians foi tão grande que, segundo ele, a negociação foi das mais rápidas. Em cinco minutos, ele e a diretoria alvinegra já haviam acertado os principais detalhes do contrato, que tem dois anos de duração.

Problemas

Leão admitiu não conhecer o Corinthians de perto, mas disse o que todos sabem: é um clube problemático. A solução do treinador para as dificuldades vividas no Parque São Jorge é a simplicidade.

"Ainda preciso conhecer o Corinthians mais de perto, mas meu trabalho vai ser muito simples", afirmou o ex-goleiro, que conversou na última segunda-feira com seu antecessor no cargo, Geninho. "Todas as estrelas podem jogar junto. A simplicidade é que pode resolver os problemas".

O técnico avisou que seu método não será nada revolucionário. "Meu trabalho será igual ao dos outros treinadores. Vou procurar fazer o melhor e evitar problemas. Trabalhar com muitos homens é problema, ainda mais homens de nome, mas vim aqui para tornar essa equipe melhor."

Argentinos

Emerson Leão negou que tenha problemas em trabalhar com jogadores argentinos. No entanto, contou que sempre brinca com um argentino, dono de um restaurante que freqüenta na Ilha do Tamanduá, litoral norte de São Paulo, sobre sua nacionalidade.

"Sempre que vou ao restaurante assino o livro de ouro e digo: 'apesar de (você ser argentino), gosto de você; apesar de, é gente boa'", contou o treinador, que vai trabalhar com Sebá Domínguez, Javier Mascherano e Carlos Tevez no Corinthians.

Brincadeiras à parte, ele disse que entrará em campo quem apresentar um bom trabalho durante os treinamentos. "Não tenho nada contra ninguém. Tenho muito a favor do bom futebol", declarou.

Objetivos

A meta do Corinthians no Campeonato Brasileiro é muito mais do que fugir do rebaixamento. Ao menos é esse o pensamento de Leão, que não consegue imaginar o clube do Parque São Jorge na segunda divisão e acha absurdo premiar os atletas pela permanência na primeira.

"Como eu posso pedir premiação para não cair em um time como o Corinthians? Fugir do rebaixamento é obrigação. Sul-Americana é obrigação. Queremos mais que isso", afirmou o treinador.

"Temos qualidade para fazer mais. Com o que temos aqui, é para ficar bem mais acima na classificação", disse Leão, que espera ver evolução já nesta quarta-feira, contra o Fluminense. "Eu me dispus a ficar no banco já amanhã. Seria muito fácil apenas observar."

"Democracia Corinthiana"

Ainda como goleiro, Emerson Leão teve uma passagem conturbada pelo Corinthians em 1983. À época, o jogador não simpatizou com o movimento liderado por Sócrates e Casagrande, conhecido como "Democracia Corinthiana", mas participou da campanha do título paulista daquele ano.

"Talvez tenha sido o ano de maior índice técnico que eu tenha tido. Você não é obrigado a seguir nada, mas conquistamos o título, e essa foi a imagem que ficou para mim. Você pode não ter um excelente relacionamento, mas precisa ter uma excelente conduta profissional", concluiu.