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Cidades/Geral
Terça - 08 de Agosto de 2006 às 13:19

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O benefício destinado a pais de filhos portadores de deficiências existe e é pago pelo INSS por meio do governo federal. No entanto, nem todas as famílias nessas condições têm acesso ao valor, de R$ 350, que para muitos faz uma grande diferença para a sobrevivência. Quando a família não se enquadra no perfil exigido pela lei, que é de comprovar a renda mensal per capita, inferior a um quarto do salário mínimo, hoje R$ 75, além de não poder ser filiada a nenhum regime de assistência social, não recebe o benefício.

Os cuidados especiais exigidos pelos filhos deficientes, independentemente do grau da doença, nem sempre deixa tempo para os pais trabalharem fora, o que acaba por dificultar ainda mais a vida da família. Se não bastasse a tristeza de ter filhos com problemas, muitos ainda se vêem na condição de discriminados. Inúmeras histórias são contadas por quem vive o drama, pois quando não são penalizados pela própria família, são pela sociedade.

Maria Valéria da Silva Leite, coordenadora vespertina da Associação de Pais e Amigos de Excepcionais (Apae), relata que a instituição coleciona histórias das famílias dos 160 alunos matriculados no local. Com idade de zero a 46, a maior parte deles é portador da Síndrome de Down. "Primeiro é muito difícil a aceitação da família e, segundo, a maior parte é filho de pessoas pobres que não têm mesmo condições de levá-los para tratamento ou para uma instituição".

Para Valéria, apesar da Apae estar com o número de vagas limitado, há sempre um jeito de "encaixar" mais um aluno, pois não há como desprezá-los diante das necessidades apresentadas. Relata que os poucos profissionais existentes na instituição procuram dar o máximo possível de assistência aos pais e é uma assistente social do local que faz o trabalho de orientação quanto aos encaminhamentos para o recebimento do benefício junto ao governo federal.

Como em algumas situações o abandono acontece na própria família, questões burocráticas como a guarda oficial de uma criança, por exemplo, podem prejudicar o andamento do processo, como é o caso da dona-de-casa Maria Rosa de Souza, 55, que cuida do neto há quatro anos e não recebe o dinheiro até hoje, por não ser mãe do menino. "Antes não preocupava tanto porque eu e meu marido tínhamos emprego, agora não. Ele dá muito trabalho e muita despesa, usa fraldas e tem a alimentação especial", reclama.

Conforme Maria, a filha adotiva foi embora de casa quando percebeu que tinha um filho com deficiência, disse que por não ter a guarda oficial da criança foi impedida, em duas tentativas, de receber o benefício. "Agora já estou quase conseguindo a guarda dele, o processo está quase no final e já passei por todas as entrevistas", comemora.

Alegando sérias dificuldades financeiras, Maria conta que tem lavado roupa para fora e faz salgados para o marido vender, enquanto o neto fica na Apae grande parte do dia, pois retorna para casa por volta de 16 horas.

Além da deficiência dos filhos e das dificuldades financeiras, as mães têm em comum o fato de não terem apoio da família, na maior parte das vezes, com relação aos cuidados especiais que exigem. Para Albina Leandra do Rosário, 43, se não fosse o benefício do governo, ela não teria como comer e nem mesmo como morar, pois é este dinheiro que custeia o aluguel e demais despesas dela e do filho.

Conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), Mato Grosso tem hoje mais de 300 mil pessoas portadoras de algum tipo de deficiência e, somente na Grande Cuiabá, o registro é de 59 mil pessoas nessas condições.





Fonte: Gazeta Digital

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