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Internacional
Terça - 08 de Agosto de 2006 às 08:21

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O ministro das Relações Exteriores japonês, Taro Aso, revelou hoje um plano que pretende transformar o polêmico santuário de Yasukuni, ligado ao militarismo do início do século passado, em um monumento controlado pelo Estado e sem valor religioso. O plano tenta acabar com a polêmica gerada por políticos - entre eles o próprio primeiro-ministro japonês, Junichiro Koizumi - que visitaram Yasukuni, o que despertou temores entre os que consideram o templo xintoísta a representação do militarismo japonês do passado.

Yasukuni homenageia 2,5 milhões de japoneses mortos em combates e ações militares, além de 14 criminosos de guerra de classe A, condenados e - na maioria - executados após a Segunda Guerra Mundial.

O templo, situado em Tóquio, ganhou notoriedade fora do Japão devido a protestos em países como China e Coréia do Sul.

Para esses países, Yasukuni simboliza o ultranacionalismo japonês e as visitas feitas por autoridades japonesas tentam esconder os crimes cometidos pelas forças de ocupação japonesas na primeira metade do século XX em grande parte da Ásia.

"Estamos em um momento no qual devemos reconsiderar a existência do santuário de Yasukuni, e não simplesmente falar sobre se alguém deve visitá-lo ou não", afirmou Aso em entrevista coletiva.

Aso é um dos candidatos à sucessão de Koizumi quando este deixar a Presidência do governista Partido Liberal-Democrata (PLD) e a própria chefia do Governo no próximo mês.

O Yasukuni se transformou em um dos motivos de disputa entre os possíveis sucessores de Koizumi. Alguns são defensores das visitas, como o ministro porta-voz do Governo, Shinzo Abe, enquanto outros são totalmente contra elas, como o ministro das Finanças, Sadakazu Tanigaki.

Aso mostrou sua reticência em visitar Yasukuni caso venha a suceder Koizumi, mas insistiu em que a melhor alternativa é simplesmente retirar do santuário todo o poder simbólico negativo que ele ostenta agora, reduzindo o lugar a um memorial cujas visitas não tenham forte significado.

A lei proposta pelo ministro das Relações Exteriores também determinaria quem seria homenageado, no qual seria possível retirar do templo a homenagem feita a criminosos de guerra, cujo culto começou em Yasukuni em 1978.

Segundo o plano, ao se transformar em uma instituição civil dependente do Estado, o santuário não teria mais cerimônias religiosas, mas atos comemorativos de caráter secular.

Aso insistiu em que sua proposta pretende resolver o conflito com a Coréia do Sul e a China. As visitas de Koizumi e de outros políticos a Yasukuni provocaram protestos contra o Japão nesses países no início do ano passado.

"Nunca o compreendi como um assunto internacional. Este é um tema local e não deveria ser transformado em um problema político", afirmou Aso.

As atenções estão agora centradas em 15 de agosto, quando se lembra o fim da Segunda Guerra Mundial no Pacífico, com o anúncio da rendição do Japão após o bombardeio em Hiroshima e Nagasaki.

O primeiro-ministro japonês já indicou sua intenção de visitar Yasukuni novamente, e há rumores de que ele poderia fazer isso por volta dessa data.

Por enquanto, dois dos 17 ministros e membros do Executivo japonês anunciaram que visitarão o templo em 15 de agosto. Dez disseram que não farão a visita.

Os dois membros do Gabinete que irão a Yasukuni são o ministro de Agricultura, Florestas e Pesca, Shoichi Nakagawa, e o presidente da Comissão de Segurança Nacional Pública (com categoria de ministro), Tetsuo Kutsukake.

Sobre a veneração dos criminosos de guerra no santuário, o ministro da Agricultura disse que o assunto "é uma questão à parte", que deveria ser discutida com calma.

O partido aliado do PLD no Governo, o Novo Komeito, de inspiração budista, já manifestou sua oposição às visitas e ressaltou que as propostas contribuem para a separação constitucional entre Estado e religião.





Fonte: EFE

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