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Internacional
Terça - 08 de Agosto de 2006 às 07:00

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Após uma semana sem Fidel Castro à frente do país, os dirigentes cubanos continuam lançando mensagens tranqüilizadoras sobre seu estado de saúde, enquanto denunciam a agressiva política dos Estados Unidos com relação à ilha.

Fidel, que em um fato inédito delegou provisoriamente o poder a seu irmão Raúl na segunda-feira passada, por conta de uma delicada intervenção cirúrgica, "continua se recuperando de forma positiva", declarou hoje, na capital colombiana, o vice-presidente Carlos Lage.

O presidente da Assembléia Nacional cubana, Ricardo Alarcón, disse que Fidel dá continuidade a uma recuperação "normal e satisfatória", e acusou a Casa Branca de se intrometer em assuntos internos de Cuba, em declarações à rede de televisão "Telesur".

A resistência armada no Iraque contra as tropas dos EUA será "algo pequeno" em comparação com a resistência que haveria em Cuba caso Washington decidisse invadir a ilha, advertiu Alarcón. Hoje, o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, declarou que serão os cidadãos cubanos os que decidirão se uma eventual "situação tirânica" chegará ao fim no país caribenho.

Em seu rancho de Crawford (Texas), onde passa férias, o presidente ressaltou que o desejo dos EUA é de que os cubanos possam escolher "sua própria forma de Governo". Suas declarações aprofundam o que foi dito ontem pela secretária de Estado, Condoleezza Rice, que assegurou que os EUA estão preparados para ajudar a sociedade cubana em sua luta por mudanças, mas que não se propõem, em nenhum momento, a forçar essa mudança.

A idéia de que, de alguma forma, os EUA invadirão Cuba "é simplesmente mirabolante", disse a chefe da diplomacia americana em declarações à rede de televisão local "NBC". Enquanto isso, em Havana, um manifesto aprovado por mais de 400 intelectuais de todo o mundo contra a política americana com relação à ilha foi apresentado hoje.

"Diante desta ameaça crescente contra a integridade da nação, a paz e a segurança na América Latina e no mundo (...) exigimos que o Governo dos Estados Unidos respeite a soberania de Cuba. Devemos impedir uma nova agressão a todo custo", afirma o texto.

O texto é assinado, entre outros intelectuais, pelo português José Saramago e por Desmond Tutu, Rigoberta Menchú, Noam Chomsky, Nadine Gordimer, Ernesto Cardenal e Mario Benedetti. Durante a apresentação do manifesto, Roberto Fernández Retamar, presidente da Casa da América e membro do Conselho de Estado, disse que Fidel retornará ao Governo em poucos meses e ressaltou que, por enquanto, Cuba vive uma sucessão "pacífica", ao contrário do que imaginam os EUA.

"A idéia do Governo americano era que se Fidel não estivesse à frente de Cuba, o caos seria instalado no país. Fidel não está à frente e o caos não se instalou", disse. Os Estados Unidos "tinham previsto não ser possível viver uma sucessão pacífica em Cuba. Ocorreu uma sucessão pacífica em Cuba e Raúl (Castro) se dirigirá ao povo da ilha quando achar necessário", insistiu Retamar.

Em meio a este histórico processo para Cuba, a ilha mantém um clima de tranqüilidade, com comícios e manifestações de reafirmação patriótica para referendar o compromisso dos cidadãos com os irmãos Castro e com a Revolução, reunido mais de três milhões de participantes, segundo a Central de Trabalhadores de Cuba (CTC).

Além disso, e embora Fidel Castro tenha pedido que fossem adiadas até dezembro as solenidades organizadas para a comemoração de seu 80º aniversário, que ocorre no próximo dia 13, cerca de 100 mil trabalhadores cubanos do setor açucareiro farão uma mobilização, neste domingo, em homenagem ao líder cubano.




Fonte: EFE

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