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Internacional
Domingo - 06 de Agosto de 2006 às 15:02

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Um médico iraquiano descreveu uma cena de horror neste domingo durante uma audiência militar dos Estados Unidos que vai determinar se quatro soldados norte-americanos devem ser processados em corte marcial pelo estupro e assassinato de um garota iraquiana e a morte de sua família.

O médico, cujo nome não foi revelado, disse que ao entrar na casa em Mahmudiya, em março, encontrou Abeer Qasim Hamza al-Janabi, de 14 anos, nua, com as pernas abertas, queimada da cintura para cima e com uma perfuração de bala sob o olho esquerdo.

Ele disse ainda ter encontrado a irmã dela, de seis anos, num quarto ao lado, com a parte de trás da cabeça estourada, além dos corpos dos pais crivados de balas.

O episódio de Mahmudiya, o quinto envolvendo sérios crimes cometidos por soldados no Iraque a ser investigado pelo Exército dos EUA, enfureceu os iraquianos e levou o primeiro-ministro Nuri al-Maliki a pedir uma revisão da imunidade dada a tropas estrangeiras no país.

O tribunal ouviu os relatos de três testemunhas iraquianas neste domingo, o primeiro dia de audiência. A imprensa, porém, só foi autorizada a gravar os comentários do médico, que disse ter ficado doente por várias semanas após ter visto a cena do crime.

Promotores militares devem apresentar o caso contra os soldados Jesse Spielman, Bryan Howars e James Barker e o sargento Paul Cortez, acusados de, entre outras coisas, estupro e assassinato.

Caso sejam considerados culpados, eles poderiam ser condenados à pena de morte.

O médico disse também que, como não havia espaço no necrotério do hospital, os corpos de Abeer e de seu pai, mãe e irmã foram colocados numa ambulância sem ar-condicionado durante a noite e enterrados no dia seguinte.

Um dos promotores, o capitão William Fischbach, mostrou à testemunha fotos da cena do crime. Advogados de defesa disseram que os corpos nas fotos haviam sido mudados da posição em que foram encontrados originalmente.

O ex-soldado Steven Green, 21, enfrenta as mesmas acusações num tribunal federal no Estado de Kentucky, sede do 502 regimento da infantaria. Green, que diz ser inocente, foi liberado do Exército em razão de um "distúrbio de personalidade."

Um quinto soldado, Anthony Yribe, é acusado de ter falhado no cumprimento do dever e de prestar falso testemunho. Ele também será intimado a depor no Camp Victory, perto do aeroporto de Bagdá. As audiências devem durar até quatro dias.

Segundo a promotoria, Green matou a tiros o pai de Abeer, a mãe e a irmã na casa da família em Mahmudiya, perto de Bagdá. Ele então estuprou a adolescente antes de matá-la. E tentou queimar os corpos e a casa para esconder as provas do crime.

Os promotores dizem que um segundo soldado também estuprou Abeer. O jornal New York Times afirmou no sábado que há agora suspeitas de que três soldados a teriam estuprado, de acordo com um memorando de um magistrado militar.





Fonte: Reuters

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