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Politica Brasil
Domingo - 06 de Agosto de 2006 às 08:01
Por: Onofre Ribeiro

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Tenho ouvido insistentemente que a eleição está parada. Não está. Falta movimento de rua além dos carros-doors circulando e das faixas nos cruzamentos urbanos. Mas existe uma eleição em andamento que só vai se tornar pública quando começar o horário eleitoral gratuito no rádio e na televisão, a partir do dia 15. Até lá, pouco movimento mesmo.

O que estará em jogo nesta eleição será mesmo o discurso dos candidatos para o eleitor. Os showmícios mascaravam o contato. Ele se dava de cima de um palanque alto, com as pessoas lá embaixo olhando para cima. Mas o que elas queriam mesmo era a diversão dos shows. E os candidatos engatavam seus discursos genéricos, em geral apelativos, e iam embora certos de que o seu próprio show se igualara ao showmício. Eleitor e candidatos se enganavam mutuamente.

No fundo, faltava linguagem de comunicação dos candidatos com os eleitores. Hoje não há mais showmícios e os comícios tradicionais estão banidos, porque os candidatos não saberiam falar com a sociedade pós-mensalão e pós-sanguessuga.

Faltará discursos nesta eleição. Sobrarão falas, mas não haverá conteúdo. O que dizer a um eleitor pobre que está vivendo com as migalhas das cestas governamentais? O que dizer a um eleitor pobre que se encolhe diante da violência do Estado contra ele, e contra a violência que o seu filho promove contra outras pessoas numa triste trajetória de tentar enquadrar-se no mundo socialmente injusto? O que dizer a um eleitor que usa ambulâncias superfaturadas? O que dizer a um eleitor que está cansado de tudo?

Claro que haveria muito, muito mesmo a dizer-lhe. Mas quem poderia dizer e não ser apedrejado? Poucos poderão. Poucos saberão como dizer o que precisa ser dito.

Por isso, insisto que esta eleição será discutida fora dos palanques, longe dos comícios e mais longe ainda de quaisquer suspeitas. Suspeitos eleitos serão impugnados na justiça para não se empossar ou execrados pela sociedade. O momento é muito bom para um revisionismo histórico.

Voltando ao discurso, será preciso dizer às pessoas que eles têm um futuro. Qual será esse futuro, de onde e como ele virá, como e através de quem. E mais: honestamente! É muito para a pouca coragem moral que o mundo político vem demonstrando.

Os cidadãos-eleitores querem certezas de que quem elegerem estará preocupado efetivamente com as questões sociais, com a ética e com a responsabilidade social. Isso se traduz em comprometimento.

Como a máquina pública tem regras e contra-regras, exercer mandatos será o mesmo que domesticar a cobra venenosa: ela pode picar a qualquer momento porque sua cultura é a de sobreviver destilando o seu veneno. A máquina pública destila diversos venenos mortais contra a ética e o comprometimento.

Esta eleição dependerá da qualidade do discurso. Não só daquele que se fala, mas daquele que se demonstra num simples gesto do candidato de coçar a cabeça, de olhar, de sorrir e de demonstrar seriedade sincera.

E ainda tem quem ache que estamos vivendo só o caos. Não. Estamos vivendo o fim de um ciclo de caos. A ordem começará na seleção pelo discurso objetivo dos candidatos.





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